Ipea projeta
crescimento de 0,7% do PIB em 2017
A previsão para a retomada
econômica do instituto leva em conta a recuperação da indústria
e da agropecuária que tem previsão de
supersafras de soja e grãos em geral,
diz diretor do Ipea (Imagem:
EBC)
Projeção do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) divulgada hoje (30) indica que o primeiro trimestre deste ano
registrará variação positiva do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os
bens e serviços produzidos no país, de 0,3%, na série com ajuste sazonal,
rompendo uma sequência de dados negativos desde o último trimestre de 2014.
Para o ano de 2017, o Grupo de Conjuntura do Ipea
projeta um aumento de 0,7% do PIB. O instituto estima crescimento econômico de
3,4% em 2018, com inflação em 4,5%.
Segundo o diretor da Diretoria de Estudos e
Políticas Macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo de Castro Souza Jr., a previsão
para a retomada econômica do instituto leva em conta a recuperação da indústria
e da agropecuária que tem previsão de supersafras de soja e grãos em geral.
Segundo o Ipea, estas estimativas consideram um
cenário em que não haverá grandes mudanças no ambiente externo, que a situação
política doméstica se estabilizará e que o Brasil continuará avançando na
estruturação de um arcabouço legal que dê suporte a um novo regime fiscal,
condição essencial para a viabilidade da retomada do crescimento.
O diretor explicou que as projeções do Ipea estão
condicionadas à aprovação das reformas, principalmente a previdenciária, que
devem viabilizar a melhora das contas públicas, a reversão na trajetória de
alta da dívida pública federal, que subiu para R$ 3,134 trilhões em fevereiro,
e a melhora do ambiente de negócios.
“A gente fez a análise baseada num cenário com
reformas. A aprovação ou não de reformas terá grande impacto tanto nas
projeções deste ano quanto do ano que vem”, disse Souza Jr. “Se as reformas não
forem aprovadas, o cenário fica muito incerto. É essencial que hoje a gente
tenha algum nível de certeza sobre a capacidade do governo de reverter a
trajetória de dívida pública, que continua em expansão”.
Mais cedo, o Banco Central (BC) reduziu a projeção para o crescimento da
economia este ano. A estimativa para a expansão do PIB foi
ajustada de 0,8%, estimativa de dezembro, para 0,5%, de acordo com o Relatório
de Inflação divulgado hoje.
Inflação
Segundo projeções do Ipea, o processo de
desinflação em curso continuará ao longo deste ano e o Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar o ano em 3,9%, bem abaixo do
centro da meta de inflação para o ano (4,5%). Em 2018, à medida que a atividade
econômica acelere, a inflação poderá voltar a subir levemente para níveis
próximos do centro da meta.
“Estamos em trajetória de queda da inflação e isto
dá conforto para as mudanças de política monetária que o Banco Central está
implantando. Já há claramente uma redução de expectativa de inflação”, disse o
diretor do Ipea.
O BC espera que a inflação fique
em 4% este ano. A informação foi divulgada hoje, em Brasília, pelo BC. A
estimativa é feita com base em projeções do mercado financeiro para as taxas de
juros e de câmbio. Se a projeção se confirmar, ficará abaixo do centro da meta
de 4,5%, com limite inferior de 3% e superior de 6%. Para 2018, a projeção do
BC é 4,5%, no centro da meta.
Selic
O cenário traçado pelo Grupo de Conjuntura do Ipea
é redução de juros, o que pode permitir ao Banco Central reduzir a taxa Selic
para 8,75% ao ano no final de 2017 e mantê-la nestes mesmo patamar durante
2018.
Em fevereiro, o Comitê de Política Monetária
(Copom) do BC anunciou o quarto corte seguido na taxa. Por unanimidade, ele
reduziu a Selic em 0,75
ponto percentual, de 13% ao ano para 12,25% ao ano. Esse foi o segundo corte
seguido de 0,75 ponto percentual. A próxima reunião do Copom está marcada para
os dias 11 e 12 de abril.
Do Rio de Janeiro, Ana
Cristina Campos – Repórter da Agência Brasil, 30/03/2017 13h02
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