Por Emir Sader (*)
De
repente, frente à possibilidade real de que Temer seja destituído, os que
reclamavam muito da sua incompetência e do fracasso do seu governo, se unem no
esforço hercúleo de tentar manter seu governo. Usam o conhecido argumento do
"mal menor", frente ao qual o "mal maior" são eleições,
retorno da democracia e Lula de novo presidente do Brasil.
FSP,
FHC, que se haviam pronunciado já por eleições diretas, recuam para a posição
covarde de manutenção do Temer, frente ao risco de desandar tudo o que governo
golpista fez: a destruição do país.
Mas
qual é o mal maior que querem todos da direita evitar? As eleições diretas, o
voto popular, a volta da democracia, a eleição do Lula para presidente. Frente
a isso, vale tudo.
E
qual é o mal menor? Um governo incompetente, incapaz de ordenar minimamente a
economia, sem capacidade de conquistar apoio nem sequer de setores da
população, que só diz e faz besteira, que está sempre na corda bamba pelas
acusações contra Temer e contra a maioria do seu governo.
Como
o objetivo maior da direita brasileira era tirar o PT do governo, se uniram em
torno dele e optaram pela vida que se tornou possível, o que significava usar o
Temer e a gangue peemedebista que o cerca. Trilham esse caminho, com a única
alternativa de que dispõem: a restauração do modelo neoliberal dos anos 1990,
fracassada e derrotada quatro vezes nas urnas.
Essa
combinação explosiva – modelo econômico profundamente antinacional,
antidemocrático e antipopular e equipe política corrupta – leva o país ao caos
econômico e à acefalia política, além da desmoralização internacional e do
cerco que sofre dos movimentos populares. Esses são os males menores, que
destroem o país, impõe um regime de exceção, desmoralizam o Congresso, a
política, o Judiciário, a MP, a Polícia Federal, liquidam com o país e destroem
a democracia.
Porque
tirar o PT do governo não é somente tirar um partido e colocar outro. Significa
uma ruptura democrática e de classe. Democraticamente não conseguiram tira-lo
do governo. E na democracia não conseguiram impor esse modelo econômico
predatório.
Como
já se disse, para tirar o PT do governo e o Lula da vida política, destroem o
país, liquidam a democracia, promovem o mais radical processo de exclusão
social que o pais já conheceu, no mais curto espaço de tempo. Porque o PT no
governo significava a prioridade das políticas sociais, o fortalecimento do
Estado e das empresas públicas, a ampliação da democracia política e social,
uma economia que crescia para, ao mesmo tempo, distribuir renda, um país soberano
e respeitado no mundo.
Fazer
tudo para manter o governo Temer significa exatamente o contrário: tirar
direitos, impor uma profunda recessão econômica, multiplicar sem limites o
desemprego, desmoralizar o Brasil lá fora, debilitar o Estado e o patrimônio
público. Esse é o mal menor para a elite brasileira, disposta a destruir,
contanto de não perder de novo o controle do Estado brasileiro.
Se
conseguir, reinará sobre um país e uma sociedade em cinzas. Se for derrotada, a
democracia permitirá ao povo voltar a escolher o caminho que prefere.
(*) – Emir Sader é colunista de Brasil 247 e um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros.
(*) – Emir Sader é colunista de Brasil 247 e um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros.
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