Com reforma no setor, Eletrobras pode
privatizar até 14 usinas hidrelétricas
Amanhecer chuvoso em frente ao prédio da Eletrobras, no
Centro do Rio (RJ)
(Foto: Pedro Teixeira/O Globo)
A Eletrobras pode privatizar até 14 usinas hidrelétrica antigas
pertencentes às subsidiárias Chesf, Furnas e Eletronorte, se a reforma nas leis
do setor elétrico avançar da forma como o Ministério de Minas e Energia propôs
no início deste mês. Esse movimento deve afetar as contas de luz de todos os
brasileiros, mas tem potencial de reforçar o caixa da estatal e as contas do
governo. Para diluir os aumentos e preparar o sistema elétrico para uma nova
forma de comercializar a energia produzida pelas usinas, o governo avalia
colocar todo esse volume à venda de maneira escalonada.
Juntas, essas usinas têm hoje capacidade instalada de 13.907,51 megawatts
de energia e geram eletricidade suficiente para atender a de 20 milhões a 25
milhões de residências.
As 14 usinas da Eletrobras que podem ser vendidas
operam cobrando apenas os custos de operação e manutenção, com preços
predefinidos, pelo chamado regime de “cotas”. No total, a estatal conta com 47
hidrelétricas.
Entre as principais hidrelétricas que podem entrar na lista para
concessão ao setor privado estão o Complexo de Paulo Afonso (na Bahia) e Xingó
(entre Alagoas e Sergipe), operadas pela Chesf; e usinas de Furnas, como
Marimbondo e a Hidrelétrica de Furnas (ambas em Minas Gerais).
Caso prossigam as mudanças de regulação das elétricas, com a
privatização, a estatal poderá trocar o modelo adotado nessas usinas, de preço
fixo em cotas pelo preço de mercado, definido de acordo com a demanda.
Modelo para atrair investidor
Atualmente, a tarifa das cotas é de cerca de R$ 60 por megawatt-hora
(MWh). Nos contratos do mercado regulado, firmados em leilões, por sua vez, a
Eletrobras apurou a tarifa média de R$ 200/MWh em 2016. É daí que vem o aumento
na conta de luz. Caso todas as usinas sejam privatizadas de uma só vez, o
impacto previsto pelo próprio governo nas contas de luz de todos os brasileiros
é de uma alta de até 7%.
Por isso, as hidrelétricas devem ser ofertadas ao mercado de maneira
escalonada, tanto para reduzir os impactos nas tarifas, quanto para preparar as
distribuidoras para a nova realidade do sistema.
De Brasília, Manoel Ventura – O Globo,
em 18/07/2017, às 08h25
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