Para oligarquia golpista,
trabalhador não merece dignidade
Por Jeferson
Miola (*)
A
destruição da CLT, aprovada nesta terça-feira 11/7/2017 pela maioria de
senadores e senadoras representantes da oligarquia, é a consolidação do pacto
escravocrata de dominação burguesa que faz o Brasil retroceder ao padrão de
exploração do trabalho do século 19.
Combinadas
com a lei da terceirização aprovada pelos golpistas em março passado, as novas
regras hoje aprovadas, que incineram a CLT criada em 1943 por Getúlio Vargas,
na prática extinguem os direitos do trabalho e convertem os trabalhadores em
bóias-frias, para assegurar uma maior taxa de acumulação capitalista extraída
do povo brasileiro – ver aqui artigo a respeito [Terceirização
sacramenta o pacto de dominação escravocrata].
Na
sessão do Senado de hoje, 50 senadores e senadoras brancas, ricas e
proprietárias, aprovaram o vergonhoso retrocesso de permitir o trabalho de
mulher grávida em locais e em condições insalubres.
Um
retrocesso não só vergonhoso, como chocante.
Para
a oligarquia golpista, a classe trabalhadora não merece a dignidade que é
reconhecida até mesmo aos bovinos, como se constata na leitura do Manual de
Orientações da EMBRAPA com as “Boas Práticas Agropecuárias -
BOVINOS DE CORTE”.
No
capítulo “Importância do bem-estar animal”, o Manual ensina que “As
demandas de mercado priorizam sistemas de produção que respeitam o bem-estar
animal, do nascimento ao abate. À primeira vista, pode parecer ao produtor ou
ao técnico uma preocupação excessiva e dispendiosa, mas certamente eles se
surpreenderão com os benefícios que essa mudança de atitude trará à rotina de
trabalho”.
O
Manual filosofa que “Existe uma relação muito estreita entre bem-estar
animal, saúde animal e desempenho produtivo. Assim, o conhecimento e o respeito
à biologia dos animais de produção proporcionam melhores resultados econômicos,
mediante o aumento da eficiência do sistema produtivo e da melhoria da
qualidade do produto final”.
Como
todo manual, o Manual diz ainda que “A Organização Mundial de Saúde Animal
(0IE) preconiza cinco princípios básicos a serem atendidos em relação ao
bem-estar animal:
1.
Garantir condições que evitem fome, sede e desnutrição;
2.
Garantir condições que evitem medo e angústia;
3.
Garantir condições que evitem desconforto físico e térmico;
4.
Garantir condições que evitem dor, injúrias e doenças;
5.
Garantir condições que permitam as expressões normais de comportamento.
A
decisão do Senado, deste ponto de vista, representa um ataque brutal aos
direitos humanos no Brasil. O alvo central desta violência, está claro, é o
mais elementar dos direitos humanos e civis, que é o direito ao trabalho digno.
Nunca
é demais lembrar que, para a oligarquia golpista, a classe trabalhadora
não merece a dignidade reconhecida aos bovinos.
(*) - Jeferson Miola
é integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre
(Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial. Art. Publicado em
Brasil 247, em 12/07/2017
**A "pegada" na balada!**
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