Governo comemora falta
de mobilização popular contra aumento de impostos
Presidente Michel Temer (Foto: Jorge William/Agência O
Globo)
A escassa mobilização popular contra o aumento de imposto anunciado pelo
governo na semana passada teria dado sobrevida ao presidente Michel Temer no
Congresso, onde sua base aliada confia que irá enterrar a denúncia por
corrupção passiva na votação marcada para a quarta-feira que vem, no plenário
da Câmara.
É unânime, entre integrantes do governo, a avaliação de que mais imposto
é sempre negativo e "deve ser evitado" mas aliados de Temer acham que
o gesto foi uma sinalização política para a base aliada. Teria mostrado que o
governo está comprometido com o ajuste fiscal e reforça a autonomia da equipe
econômica, apesar de questões políticas.
Há também a expectativa de que o aumento do dinheiro em caixa pode tirar
o governo da “paralisia” e facilitar o repasse de verbas para deputados atuarem
em suas bases eleitorais.
— Aumento de imposto é sempre uma coisa ruim. Mas, por outro lado, o
governo ganha capacidade de investimento e isso anima os deputados porque dá a
perspectiva de que haverá liberação de gastos, hoje muito contingenciados —
afirmou um ministro, de forma reservada.
O líder do governo no Congresso, André Moura (PSC-SE) reforça a tese.
Ele disse que os líderes governistas sondaram os deputados sobre eventuais
impactos da medida na votação e concluíram que, devido à falta de reações
populares, não deverá haver mudanças nos votos pró-Temer.
— Há essa expectativa de que o resultado do aumento de imposto seja mais
investimento. Não tem nenhum tipo de impacto na base, porque a base entende que
a equipe econômica trabalha para manter o equilíbrio fiscal e a recuperação
econômica. A população não quer saber de aumento de imposto mas não houve
grande reação, manifestações, nada disso — afirmou Moura.
O Planalto acredita
que o anúncio aumenta a pressão sobre o Congresso para que aprove a reforma da
Previdência. Segundo integrantes do governo, o aumento de impostos teve que
acontecer porque não havia de onde tirar dinheiro. Nessa lógica, a reforma da Previdência
seria essencial para que o aumento no preço da gasolina possa ser revertido
mais à frente, caso a economia dê sinais de recuperação.
Por Júnia Gama, Leticia Fernandes
e Eduardo Barretto, O Globo, em 29/07/2017, às 09h17
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