segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Ponto de observação

'Aécio será o Cunha do governo Temer', diz cientista político
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Inviabilizado pela Lava Jato, principalmente após o escândalo da JBS, Aécio Neves virou o principal operador do governo Michel Temer. A rejeição da denúncia contra o presidente na Câmara é só o resultado das articulações do grupo liderado pelo tucano para formar um novo centrão, que dará sustentação a Temer até o final de seu mandato. Em troca, esses políticos conseguirão recursos do governo que serão vitais para a disputa eleitoral de 2018, preenchendo a lacuna deixada pelo financiamento empresarial.
Nesse sentido, Aécio seria para Temer a mesma sombra que Eduardo Cunha foi para o governo Dilma, com uma diferença: ao contrário do ex-deputado, o senador mineiro não tem intenção nenhuma em rifar o presidente agora.
A projeção de Aécio no governo Temer ainda revela uma batalha acirrada com a ala ligada a Geraldo Alckmin, que defende o fim da aliança com o peemedebista o quanto antes. Pela primeira vez, o PSDB desceu de cima do muro e está dividido a ponto de apenas um grupo sair vencedor. É o que avalia o cientista político e professor da Unicamp, Marcelo Nobre, em entrevista ao Estadão.
Para o especialista em PMDB, Aécio, do ponto de vista eleitoral, "não tem mais nenhuma perspectiva. Defender o Temer, para ele, é defender a si mesmo. No mesmo jeito, guardadas as devidas proporções, do Eduardo Cunha. Qual a diferença? O Eduardo Cunha, no governo Dilma, foi para oposição, foi pro confronto. O Aécio, pelo contrário, vai ser o Eduardo Cunha do governo Temer do lado de Temer."
Aécio e Temer juntos, portanto, representam "um acordo geral de autodefesa do sistema político contra o Judiciário. O que o Aécio está propondo é organizar todas essas forças [que ajudaram a salvar o mandato de Temer] num 'grupão' pra defender o governo. Então é um novo Centrão."
O senador ainda tem condições de ser o articulador desse movimento porque, embora morto eleitoralmente, não foi inviabilizado "do ponto de vista do jogo político, porque há justamente um descolamento total do sistema político em relação à sociedade."
"O sistema político está girando em autodefesa, completamente descolado da sociedade. E a lógica dele é assim: eles têm o monopólio da representação – se quiser ser candidato, tem que se filiar a um desses partidos –, o monopólio dos recursos – os grandes partidos; e também querem cargos e recursos do governo. Porque, com isso, eles têm uma vantagem competitiva gigantesca em relação a qualquer outro que aparecer. Ou seja: o sistema está se organizando para impedir que algo novo surja. Que é o que todo mundo na sociedade tá esperando, mas estão fechando todos os campos para impedir que o novo apareça", comentou Nobre.
Para o especialista, a chance de Temer sobreviver até 2018 "é muito alta. Mas pode aparecer uma denúncia e pode ter movimento de rua de novo. Temer cai se tiver movimento de rua. A única coisa que faz você ter uma mudança dentro do sistema político tão radical como tirar um presidente é movimento de rua."
Do portal GGN, matéria publicada em Brasil 247, 07/08/2017, às 16h29
A pegada na balada

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