BC lança
campanha para uso consciente do cartão de crédito
Foco da
campanha são as classes D e E, que têm mais dificuldade para
pagar em dia a fatura
do cartãode
crédito (Foto: Marcello Casal Jr/Arquivo/Agência Brasil)
O Banco Central (BC) e a Associação Brasileira das
Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) lançaram hoje (19) uma
campanha para estimular o uso consciente do cartão de crédito. A ação prevê a
divulgação de nove vídeos educativos sobre o uso do cartão, além de posts nas
redes sociais com o tema “Se passar o cartão, não passe dos limites”.
A campanha, exclusivamente na internet, vai custar
R$ 150 mil ao BC e R$ 200 mil à Abecs. O diretor de Relacionamento Institucional
e Cidadania do Banco Central, Isaac Sidney, destacou que os brasileiros têm
cada vez mais acesso a produtos e serviços financeiros, mas é preciso garantir
informação de qualidade, educação financeira e proteção aos direitos dos
cidadãos. “Por exemplo, na última pesquisa realizada pela Abecs e pelo
Instituto Datafolha, 21% dos entrevistados afirmaram que a última fatura está
acima do que podem pagar. Podemos perceber que há espaço para ações de
conscientização e de educação financeira”.
O foco da campanha são as classes D e E, que,
segundo a pesquisa, têm maior dificuldade para pagar a fatura do cartão de
crédito. “Desses 21% que acreditam que suas faturas são altas para suas
possibilidades, 33% pertencem às classes D e E. Vejam que a falta de educação
financeira penaliza de forma mais intensa as camadas mais vulneráveis da
população”, acrescentou Sidney.
De acordo com Sidney, do total de 250 mil
reclamações de cidadãos recebidas pelo BC este ano, cerca de 10% referem-se a
cartão de crédito. Sidney destacou que o BC adotou outras medidas recentemente
para melhorar reduzir o custo do crédito e melhorar a educação financeira, como
a compatibilidade das máquinas de cobrança com todas as bandeiras de cartão, a
autorização para diferenciação de preços por instrumento de pagamento e as
novas regras do rotativo do cartão de crédito. O rotativo é o crédito tomado
pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão. Com
vigência desde abril deste ano, a medida determinou que os saldos das faturas
só podem ser financiados de forma rotativa até o vencimento da fatura seguinte.
Depois disso, o saldo deve ser parcelado.
O objetivo da medida era reduzir a taxa de juros do
rotativo, a mais alta entre as modalidades para as pessoas físicas nos bancos.
De acordo com o BC, a taxa de juros do rotativo do cartão de crédito para quem
paga pelo menos o valor mínimo da fatura chegou a 221,4% ao ano em agosto. A taxa
cobrada dos consumidores que não pagaram ou atrasaram o pagamento do mínimo
ficou 506,1% ao ano. Com isso, a taxa média da modalidade de crédito chegou a
397,4% ao ano.
Em março de 2017, antes do início das novas regras,
a taxa estava em 431,1% ao ano. O presidente da Abecs, Fernando Chacon, disse
que o compromisso do setor com o regulador do mercado, o BC, era reduzir pela
metade a taxa de juros para os consumidores que pagam a fatura em dia.
Chacon acrescentou que “ninguém se orgulha dos
juros praticados no país”, mas já houve avanço com a medida do rotativo do
cartão de crédito.
“De fato a gente está recomendado que paguem a
fatura em dia. As pessoas não devem usar financiamento se não for necessário”,
disse.
De Brasília, Kelly Oliveira
– Repórter da Agência Brasil, 19/10/2017 15h46
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