Mais de 1,1
mil cidades estão em alerta para dengue, zika e chikungunya
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, apresenta campanha
de combate ao mosquito
Aedes aegypti no verão (Foto: Valter
Campanato/Agência Brasil)
O Ministério da Saúde divulgou nesta
terça-feira (28) o Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes
aegypti (LIRa). O indicador aponta que 357 cidades estão em situação de risco
para a ocorrência de dengue, zika e chikungunya, pois nelas mais de 9% dos
imóveis visitados continham larvas do mosquito. Já 1.139 municípios estão em
situação de alerta. Isso significa que entre 1% e 3,9% dos imóveis locais
tinham larvas. E 2.450 municípios foram classificados como satisfatórios por
apresentarem percentual menor de 1% para presença de larvas.
O LIRa analisou dados de 3.946
cidades, entre o início de outubro e a primeira quinzena de novembro. O número
é considerado recorde e decorre da resolução da Comissão Tripartite, que tornou
obrigatória, no início deste ano, a disponibilização das informações.
Cerca de 1.600 municípios não
realizaram ou não informaram o índice de infestação. Caso isso não seja feito
até o dia 14 de dezembro, quando será publicado o relatório final, as cidades
serão apenadas com a suspensão da segunda parcela do Piso Variável de
Vigilância em Saúde, conforme pactuado na comissão.
Regiões
Em relação às regiões, o Nordeste foi
a que registrou o maior número de municípios em situação de alerta: 41% dos que
enviaram as informações. Depois vem o Norte (40,4%), Centro-Oeste (20,1%),
Sudeste (19,32%) e Sul (13,66%). No Centro-Oeste e no Nordeste, o maior número
de focos foi registrado em depósitos de armazenamento de água, como em toneis e
barris. O ministério aponta que a questão da força as famílias a armazenarem
água. De acordo com o ministro, Ricardo Barros, equipes estão em campo para informar
a população sobre como fazer o armazenamento, sem gerar criadouros do aedes.
Capitais
Em relação às capitais, estão em
situação satisfatória Macapá, Fortaleza, Goiânia, Belo Horizonte, João Pessoa,
Teresina, Curitiba, Rio de Janeiro e Palmas. As que estão em alerta são:
Maceió, Manaus, Salvador, Vitória, Recife, Natal, Porto Velho, Aracaju e São
Luís. As demais, inclusive a capital federal, Brasília, ainda não enviaram as
informações.
Mobilização da sociedade
Para que os alertas não se
transformem em problemas reais, sobretudo ao longo do verão que se aproxima, o
ministro Ricardo Barros convocou a população a cooperar. “Trata-se de
mobilização e só se resolve o combate ao mosquito se cada um assumir a sua
responsabilidade. Não há força pública capaz de eliminar todos os focos. A
sociedade tem que assumir a responsabilidade e fazer o seu trabalho”, afirmou.
Ele alertou que “nós estamos
convocando a população para cuidar da eliminação dos focos e incorporar a
sexta-feira sem mosquito”, dedicando parte deste dia ao combate. “O ciclo de
vida do mosquito é de uma semana. Se nós trabalharmos com determinação, nós
vamos reduzir o número de mosquitos e a infestação”, acrescentou.
Para estimular o combate ao Aedes
aegypti, o Ministério da Saúde apresentou nova campanha de prevenção e
combate ao mosquito, intitulada “Um mosquito pode prejudicar uma vida. E o
combate começa por você”. As peças apresentam histórias reais de pessoas que
sofreram com as doenças e começarão a ser veiculadas em dezembro. A iniciativa
demandou investimento de R$ 18 milhões.
Além das ações de sensibilização, a
pasta fez investimentos na ordem de R$ 17,6 milhões para a aquisição de 250
veículos com fumacê e 650 equipamentos de nebulização de inseticidas. Eles
despejarão os larvicidas pyriproxyfen e malathion. A compra deste último foi
suspensa, pois, segundo o órgão, há estoque suficiente para abastecer o país em
2017 e 2018.
O malathion é um inseticida
autorizado para uso no Brasil, mas pode causar efeitos cancerígenos conforme
organizações, como a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).
Questionado sobre o uso da substância, o ministro disse que ela é segura, mas
ressaltou que tem compromisso com outras estratégias que tenham como foco a
promoção da saúde, como saneamento, e defendeu o estímulo a novas formas de
combate. “Nós eliminamos a última compra e vamos iniciar esse incentivo para as
novas tecnologias terem espaço para se desenvolver”, apontou.
Menor ocorrência de doenças
O diretor do Departamento de
Vigilância das Doenças Transmissíveis (DEVIT), Márcio Garcia, avaliou que a
mobilização da população tem gerado conquistas. Ele apresentou dados que
apontam taxas expressivas de diminuição. No caso da dengue, entre 2016 e a
primeira quinzena de 2017, houve queda de 83,7%. A taxa média é de 116 casos
para cada grupo de 100 mil habitantes. Neste quesito, o Centro-Oeste preocupa,
pois registra 476 casos. Houve redução de 73% dos casos graves de dengue e de
82,4% de mortes.
O cenário da chikungunya também não é
o mesmo. O número de casos caiu 32%. No Nordeste, ainda é alta a incidência. A
região concentra 76% de todas as ocorrências contabilizadas pelo órgão.
A zika também tem afetado menos a população, o que, segundo Garcia, corrobora com a possibilidade de se encerrar a situação de emergência decretada no início de 2016. Houve queda de 92,1%, entre 2016 e 2017.
A zika também tem afetado menos a população, o que, segundo Garcia, corrobora com a possibilidade de se encerrar a situação de emergência decretada no início de 2016. Houve queda de 92,1%, entre 2016 e 2017.
Devido à grande incidência nos anos
anteriores e ao desenvolvimento de microcefalia, cerca de 3 mil crianças
acometidas pela doença têm recebido Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Para que elas recebam estímulos precocemente, foram instalados centros de
reabilitação e qualificados profissionais em todo o Brasil.
De Brasília,
Helena Martins - Repórter da Agência Brasil, 29/11/2017 08h13
Nenhum comentário:
Postar um comentário