Nota oficial da FENAJ pela exoneração do jornalista Laerte Rímoli da EBC
Leia a íntegra da nota da Fenaj sobre o caso:
A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), por meio da Comissão
Nacional de Jornalistas pela Igualdade Etnicorracial e das Comissões de
Jornalistas pela Igualdade Racial e Núcleo de Jornalistas Afro-brasileiros dos
sindicatos, vem a público manifestar absoluto repúdio às postagens racistas e
sexistas em rede social do jornalista Laerte Rímoli, diretor presidente da
Empresa Brasil de Comunicação (EBC), dirigidas à atriz Taís Araújo.
A despeito de tratar-se de página pessoal, a conduta é inaceitável pela
propagação do discurso de ódio racial e pelo ataque perverso a uma mulher
negra, a qual abordava em palestra o problema do racismo no Brasil, inclusive
na infância. Como dirigente de uma empresa pública de comunicação, Rímoli
mostrou-se, mais uma vez, incapaz de exercer a função de liderar um projeto
pautado na pluralidade do povo brasileiro e no enfrentamento de problemas
históricos, a exemplo do racismo e da discriminação racial.
A conduta revelada por Rímoli atenta contra o conjunto da população
negra brasileira e das pessoas que lutam contra o racismo, evidenciando
completa desconfiança sobre as condições de dirigir a EBC, tendo em vista a
franca exposição e compactuação com ideias racistas e sexistas. Não é
apagamento de postagens que amenizará a colaboração do diretor presidente da
EBC ao ataque em massa orquestrado na internet contra a atriz Taís Araújo, com
vistas à desqualificação e à intimidação pública.
Rímoli faz coro aos grupos racistas e fascitas que agem no Brasil contra
a democracia e a cidadania organizada em busca da validação dos direitos
humanos no país. Persegue funcionárias e funcionários da EBC, por meio da
precarização das condições de trabalho, sustenta o golpe contra a democracia no
Brasil e beneficia-se do Estado de exceção.
A exemplo de William Waack, que neste Mês da Consciência Negra revelou a
sua virulência racista contra a população negra, Rímoli descumpre leis e
normas, entre elas a Constituição Federal e o Código de Ética dos Jornalistas
Brasileiros, expressamente no artigo 6º:
I – defesa dos princípios da Declaração Universal de Direitos Humanos –
incluindo a comunicação como direito humano;
XI – defender os direitos de cidadãos e cidadãs, em especial negros,
entre outros;
XIV – combater a prática de perseguição ou discriminação por motivos
sociais, econômicos, políticos, religiosos, de gênero, raciais, de orientação
sexual, condição física ou mental, ou de qualquer outra natureza.
Os casos Waack e Rímoli não são mera coincidência. São a expressão do
racismo e do sexismo verificado em parte da categoria. Figuras como Waack e
Rimoli têm atuado historicamente em grupos, para inviabilizar debates e
práticas voltadas à eliminação do racismo no jornalismo e na imprensa no
Brasil. A todas essas pessoas, a FENAJ e todas as suas instâncias dizem não ao
racismo, ao passo em que reafirma a defesa intransigente com o enfrentamento de
todas as formas de discriminação, especialmente aquelas dirigidas a homens e
mulheres negras.
Brasília-DF, 23 de novembro de 2017
Comissão Nacional de Jornalistas pela
Igualdade Etnicorracial
Diretoria da Federação Nacional dos
Jornalistas
De Brasília, Brasil 247, 23/11/2017
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