Governistas
trabalham para aprovar a reforma da Previdência na próxima semana
O governo e lideranças aliadas trabalham para votar
já na próxima semana a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016, que
modifica o sistema previdenciário nacional. O PMDB, partido do presidente
Michel Temer, foi a primeira sigla a anunciar que deverá fechar questão na votação da reforma da
Previdência.
“A maioria absoluta da bancada do PMDB definiu que
vai encaminhar a sugestão do fechamento de questão para Executiva Nacional do
partido como manda o nosso estatuto, acredito que o presidente Jucá [senador
Romero Jucá, de Roraima] irá convocar a reunião da executiva para deliberar
sobre esse assunto”, disse o líder do PMDB na Câmara, deputado Baleia Rossi
(SP).
Segundo Rossi, outros partidos também deverão
fechar questão sobre o tema e conduzir suas bancadas a votar favoravelmente à
aprovação da reforma. A estratégia de convencimento dos parlamentares a
respeito do tema prosseguirá nos próximos dias.
“Nós vamos dialogar com todos os parlamentares, e
tenho certeza que existe uma quase unanimidade na Câmara Federal da importância
da aprovação dessa reforma da Previdência, inclusive nos partidos de oposição.
Todos os parlamentares sabem que o rombo da Previdência é gigantesco e a não
votação significa mais de R$ 100 bilhões de déficit”, ressaltou.
Para ser aprovada na Câmara, a reforma precisa de
pelo menos 308 votos do total de 513 deputados, em dois turnos de votação.
O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia,
afirmou que a reforma tem como objetivo combater as desigualdades no sistema
previdenciário brasileiro. “A reforma trata de organizar o sistema com um
pedágio para aqueles que se aposentam muito cedo. São aqueles que ganham mais e
com esse pedágio trabalharão um pouco mais. Com isso, a gente pode estabilizar
o sistema previdenciário brasileiro”, destacou.
“Não estamos
tirando direito de ninguém, não estamos cortando salário, não estamos cortando
aposentadoria. Estamos mantendo o cinturão da seguridade social, com o salário
mínimo sendo a referência da aposentadoria. Então, acho que essa emenda
constitucional bem explicada, a cada dia que passa, mais brasileiros apoiarão a
sua aprovação. Ela vai garantir uma estabilidade”, concluiu.
O relator da reforma, deputado Arthur Maia
(PPS-BA), manifestou otimismo com a possibilidade de aprovação da reforma na
próxima semana. Segundo ele, nos últimos dias está havendo uma mudança grande
na compreensão da proposta pelos parlamentares e também pela população no
sentido de que a PEC não retira direitos dos trabalhadores, mas busca combater
as desigualdades.
“Há uma mudança clara no sentimento dos
parlamentares, que é oriundo da mudança de percepção que a própria sociedade
teve. A sociedade brasileira, nos últimos dias, pôde compreender claramente que
a reforma acaba com privilégios, nada mais do que isso. Ela acaba com
privilégios que estão destruindo a Previdência Social, acabam desregulando completamente
a economia do Brasil”, destacou.
“Então, hoje temos uma realidade diferente aqui na
Câmara em que todas as ações apontam que vários partidos da base fechem
questão. O meu sentimento é que, se os principais partidos – entre eles PMDB,
PSDB – fecharem questão, a minha expectativa é que realmente haja um avanço
nessa direção em outros partidos”, completou Arthur Maia.
De acordo com o relator, há ambiente propício para
votar e aprovar a reforma da Previdência na próxima semana. “Existem plenamente
condições de iniciarmos discussões na segunda-feira e avançarmos para, ainda na
semana que vem, a votação em primeiro turno aqui na Casa. Esse ímpeto que está
acontecendo na sociedade claramente se transferiu para os deputados, que estão
vendo claramente que a sociedade deseja o fim dos privilégios”, afirmou.
Oposição
Para o vice-líder da minoria, deputado Henrique
Fontana (PT-RS), apesar do otimismo dos aliados, o governo não tem votos
necessários para aprovar a reforma da Previdência. “O fato é que o governo não
tem votos para aprovar essas mudanças nas aposentadorias, que são mudanças que
prejudicam milhões de brasileiros que aguardam para se aposentar”, disse.
Segundo Fontana, a propaganda do governo de que a
reforma visa a combater privilégios é falsa na medida que, se for aprovada, irá
reduzir de 20% a 40% os benefícios dos trabalhadores que estão próximos de se
aposentar e que esperam receber de R$ 2mil a R$ 3 mil por mês.
“O governo usa a tática do sufoco, mas por enquanto
está blefando. Está fazendo um misto de blefar de um lado e chantagear de
outro. O governo vende uma ideia, e o próprio presidente da Casa [deputado
Rodrigo Maia], que parece que assumiu a liderança do governo, procura vender o
que se chama de terrorismo econômico. Dizem que a economia brasileira só tem
caminho se cortar a aposentadoria de milhões de trabalhadores. Nós temos outras
formas de equilibrar contas públicas, buscar mais recursos e especialmente para
combater privilégios”, finalizou.
De Brasília, Heloisa Cristaldo/Iolando
Lourenço, repórteres da Agência Brasil, 05/12/2017, às 22h34, atualizada em 06/12/2017
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