MiShell & Aesso
Inocêncio Nóbrega (*)
Imensos trusts monopolizam o mercado
petrolífero no mundo. Tal é sua força que o sistema financeiro, as redes
bancárias, governos e suas máquinas administrativas são por eles dominados. A
isso chamamos de Interesses Ocultos. Seus espertos agentes, que nos países,
principalmente os indefesos, atuam no sentido exploratório, só têm compromisso
com eles mesmos.
No Brasil, essa
história começa com a Stand Oil e a Royal Dutch e Shell, aqui contando com a
parceria do Departamento Nacional da Produção Mineral, entregue ao Sr. Fleury
da Rocha, um Meirelles de antigamente. A descoberta geológica do oleífero, na
região do Riacho Doce, território alagoano, pelo cientista José Bach, que
tentou prospectá-lo, obtém indiscutível apoio do governador Osmando Loureiro. O
projeto, porém, sofre obstáculos por parte do DNPM, após se chegar a
determinada profundidade de perfuração. Monteiro Lobato é processado por denunciar o
órgão e seus asseclas, em carta-aberta à população. O geólogo, que aí residia,
entregue à polícia, foi desaparecido, como por encanto. O fato está a completar
99 anos.
Houve outras
tentativas brasileiras, geridas por empresas que criaram a Cia. Petróleo do Brasil,
uma das inspiradoras da Petrobrás, mas não lograram êxito, todas esbarradas pela
famigerada “Lei de Minas”, ou simplesmente “Lei Fleury”, também chamadas de
“leis ratoeiras”. Para frente, surgem novos
atores. Aesso se populariza, mercê da criatividade jornalística, ao patrocinar
o conhecido “Repórter Esso”, estreado na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, na
década de 1940, e do mascote tigre. Ludibria o pres. JK, que nacionaliza sua
razão social, para Esso Brasileira de Petróleo. Alcançava 1.700 postos de
combustíveis, no momento resolve vender a sua parceira Mishell, seus direitos comerciais no Brasil.
Aesso prossegue
em outros países, Mishell, aqui simbolizada por raposa, continua atazanando a
consciência dos governantes brasileiros e quem a apoia, sem poupar a mídia. Se
a Lei Fleury derrubou quaisquer iniciativas de exploração do petróleo, reencarna-se
na MP, em tramitação no Congresso, propondo mudanças nas regras do monopólio
estatal no setor, fatiado por FHC, enfim engolir o pré-sal e minar a Petrobrás.
Preferem o sal do mar ao doce do rio, a fim de tornar mais salgada a soberania
brasileira, para manterem vivos seus privilégios.
A dupla imiscui-se
nas políticas e autonomia dos povos, colaboradora e mantenedora de golpes de
estado. Facetada de autoridades públicas leva sempre a melhor nos Supremos
Tribunais e Parlamentos, beneficiando-se de legislações espúrias,
perpetuando-se na memória da nação.
(*) - Inocêncio Nóbrega é Jornalista e escritor - (inocnf@gmail.com)
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