E o dia seguinte à condenação de Lula pelo TRF-4?
Por Bepe Damasco (*)
Lula é esperança do povo brasileiro para derrotar o golpe e restituir
seus direitos. E a população dá seguidas demonstrações disso ovacionando o
ex-presidente por onde ele passa com suas caravanas. Mas, alguém tem dúvida de
que a consumação do golpe dentro do golpe é uma questão de meses? Os
integrantes da ditadura do Judiciário não se constrangem nem mesmo em antecipar
a confirmação da condenação de Lula pela imprensa. É que, com poucas exceções,
não temos mais juízes nem procuradores, mas sim militantes da direita
antidemocrática travestidos de aplicadores da lei e da justiça.
Mas o que farão Lula e o PT com o expressivo capital político acumulado
nas ruas e nas avenidas dos grandes centros urbanos e nos recantos mais remotos
do Brasil profundo? Afora os recursos ao STJ e STF, para impedir a
inelegibilidade de Lula, como reagir à violência inominável de uma condenação
sem provas feita sob encomenda para barrar o caminho de Lula em direção ao
Palácio do Planalto?
Não custa lembrar que a palavra de ordem que embalava as mobilizações de
resistência à ameaça de golpe era "não vai ter golpe, vai ter luta."
Houve o golpe e ficou a sensação de que poderia ter havido mais luta. Não nas
modalidades convencionais, mas as de caráter inovador e que fossem capazes de esticar
a corda da institucionalidade até o limite. Um exemplo: até horas antes da
noite de 17 de abril de 2016, na qual a Câmara dos Deputados aprovou o
impeachment sem crime de responsabilidade, gente graduada do governo Dilma e do
PT ainda garantia que os golpistas não teriam os votos suficientes.
E diante do Congresso Nacional, estima-se que havia 50 mil manifestantes
em defesa da democracia, contra pouco mais de 5 mil clamando pela ruptura da
ordem constitucional. Embora em esmagadora maioria, depois do anúncio dos 367
votos favoráveis ao golpe contra apenas 137 contrários, a multidão de lutadores
sociais e políticos antigolpistas se retirou bovinamente. Não porque essa era
sua vontade. No entanto, sem comando e orientação, só restou seguir em cortejo
fúnebre de volta aos seus estados. Nenhum plano B foi pensado para o caso de
ocorrer o pior.
Não concordo com os que vivem a se queixar da falta de luta contra o
golpe, em geral culpando os partidos de esquerda, centrais sindicais e até
movimentos sociais. Não é verdade. Existiu e existe luta e resistência
democrática todo dia pelo país afora. A tese simplista da ausência de
combatividade das lideranças não leva em conta a correlação de forças e a pouca
disposição do povão e da classe trabalhadora de adentrar o campo de batalha.
Isso não quer dizer que aprovem o governo Temer, muito pelo contrário. Todas as
pesquisas apontam o golpista-mor como o presidente mais impopular da história,
além de uma fortíssima reprovação às suas reformas.
Levando em conta as lições da vitória dos golpistas no Congresso, e
depois o maior desmonte social da história e o roubo das riquezas estratégicas
do país, o debate que proponho é outro: estará a esquerda lançando mão das
formas de luta que o momento requer ? Penso que não. E, ante à investida
canalha e covarde que está por vir contra Lula, é hora de ousadia e espírito
revolucionário. Do contrário, só realizando passeatas e comícios, o patrimônio
lulista acumulado nas ruas escorregará pelos dedos. É chegada a hora de os
petistas e aliados travarem essa discussão. Longe de mim a prepotência de tirar
da cartola fórmulas mágicas. Limito-me a lançar algumas perguntas:
1) E se Lula e
figuras públicas do PT acampassem dentro do Congresso?
2) E se outras tantas fizessem greve de fome?
3) E se o debate sobre ações de desobediência civil fosse levado às massas lulistas?
4) E se fossem feitas greves com catracas livres no transporte?
2) E se outras tantas fizessem greve de fome?
3) E se o debate sobre ações de desobediência civil fosse levado às massas lulistas?
4) E se fossem feitas greves com catracas livres no transporte?
(*)
– Bepe Damasco é jornalista e editor de blog. Art. Publicado em Brasil 247,
06/12/2017
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