Taxa básica
de juros pode ser reduzida ao menor nível da história nesta semana
A taxa básica de juros, a Selic, poderá chegar ao
menor nível da história na próxima quarta-feira (6). A expectativa de
instituições financeiras é que a taxa básica seja reduzida de 7,5% ao ano para
7% ao ano, na última reunião de 2018 do Comitê de Política Monetária (Copom) do
Banco Central (BC).
Se a expectativa se confirmar, será o décimo corte
seguido na taxa básica. Em outubro, o Copom reduziu, por unanimidade, a Selic
em 0,75 ponto percentual, de 8,25% ao ano para 7,5% ao ano. Com essa redução, a
taxa se igualou ao nível de maio de 2013.
De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi
mantida em 7,25% ao ano, no menor nível da história, e passou a ser reajustada
gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015, patamar mantido nos
meses seguintes. Somente em outubro do ano passado, o Copom voltou a reduzir os
juros básicos da economia.
Previdência
O diretor da Associação Nacional de Executivos de
Finanças, Administração e Contabilidade, Miguel José Ribeiro de Oliveira,
também espera por redução de 0,5 ponto percentual na reunião desta semana,
porque a inflação baixa permite mais esse corte.
A expectativa do mercado financeiro é que a
inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA),
termine este ano em 3,06%, quase no piso da meta (3%). Essa meta tem como
centro 4,5%. Para 2018, a previsão é que a inflação fique um pouco maior, mas
ainda abaixo do centro da meta, em 4,02%.
No próximo ano, devem pesar nas decisões do Copom
preocupações com os gastos públicos e a não aprovação da reforma da
Previdência. Com indicações de que a reforma possa não ser votada, o mercado
financeiro enfrenta oscilações, com queda da bolsa e alta do dólar. O dólar
mais caro pressiona a inflação com o aumento dos custos de bens importados.
Redução
Outro fator que vai influenciar o movimento do
mercado são as eleições no próximo ano, a depender de quem serão só candidatos
e quais estarão à frente nas pesquisas. “Isso pode trazer preocupações”, disse
Oliveira.
Mesmo assim, Oliveira disse acreditar que há alguma
chance de o Copom voltar a reduzir a Selic no início de 2018 para 6,75%, porque
ainda há um 12,7 milhões de desempregados no
país, o que reduz a pressão sobre o consumo.
Mas, na avaliação do diretor da Anefac, essa taxa
deve voltar a subir no meio do ano. “Vai subir pouco: 0,25 ponto percentual.
Não vamos mais voltar ao que tinha no passado”, prevê.
Selic
Segundo Oliveira, consumidores e empresas ainda não
têm o que comemorar com as reduções da Selic. Isso porque a diferença entre a
taxa Selic e os juros cobrados nos empréstimos aos consumidores ainda é grande.
“Só teremos uma queda efetiva e mais acentuada para os consumidores e empresas
quando tivemos um ambiente de redução da inadimplência e uma melhora do quadro
de desemprego, que reduz o risco. As taxas de juros ficarão por um tempo em
patamares elevados”, acrescentou Oliveira.
A taxa básica de juros é usada nas negociações de
títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve
de referência para as demais taxas de juros da economia.
Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o
excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o
crédito e estimulam a poupança. Ao reduzir os juros básicos, a tendência do
Copom é baratear o crédito e incentivar a produção e o consumo, mas enfraquece
o controle da inflação.
De Brasília, Kelly Oliveira
– Repórter da Agência Brasil, 03/12/2017 20h11, atualizada em 04/12/2017
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