Denunciado, Temer diz que julgamento de
Lula é normal e que instituições funcionam
No poder devido a um golpe que seu líder Romero Jucá definiu como
"com Supremo, com tudo", Michel Temer, denunciado por corrupção e
governante mais impopular do mundo, disse que o julgamento do ex-presidente
Lula, condenado sem provas a nove anos e meio de prisão, é um evento normal e
que as instituições no Brasil funcionam.
Abaixo,
reportagem da Reuters:
O presidente Michel Temer classificou nesta terça-feira de “evento
natural” o julgamento do recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
contra uma condenação a 9 anos e 6 meses de prisão, e afirmou que a análise da
apelação do petista mostra que as instituições do país estão funcionando.
Em entrevista a jornalistas na Suíça, onde participa do Fórum Econômico
Mundial em Davos, Temer reconheceu que o julgamento do ex-presidente, marcado
para quarta-feira no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) em Porto
Alegre, deve desviar a atenção do discurso que fará no fórum no mesmo dia, mas
negou que a situação de Lula gere mal-estar.
“Não acredito (em mal-estar). Talvez roube a cena daqui porque é no
mesmo dia. Mas fora daí, eu acho que não vai causar mal-estar nenhum, é um
evento natural”, disse o presidente a jornalistas, de acordo com transcrição da
entrevista divulgada pelo Palácio do Planalto.
“Acho que é natural. Isso significa uma coisa que eu vou dizer aí: que
as instituições brasileiras estão funcionando, e funcionando com toda
tranquilidade, o que, naturalmente, dá muita segurança para quem quiser
investir no país”, acrescentou.
Lula foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro pelo juiz federal
Sérgio Moro em julho do ano passado, acusado de receber um apartamento tríplex
no Guarujá, litoral de São Paulo, como propina paga pela empreiteira OAS em
troca de contratos na Petrobras.
Se tiver a condenação confirmada pela 8ª Turma do TRF-4, responsável
pelos processos da operação Lava Jato em segunda instância na quarta-feira, o
petista pode ficar impedido de disputar a eleição presidencial de outubro deste
ano.
Lula, que já declarou que pretende disputar a eleição e lidera as
pesquisas de intenção de voto para a Presidência, nega ser dono do imóvel,
assim como quaisquer irregularidades, e afirma ser vítima de perseguição
política por parte de parcela do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia
Federal que pretendem impedi-lo de ser candidato.
De Davos (Suiça), Agência Reuter’s, 23/01/2018, às 15h55
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