O gênio da grande área: Lula descasca o
abacaxi
Por Ricardo
Cappelli (*)
Uma
aula de política. Daquelas que merece ser pendurada na parede e virar
referência para sempre ser consultada. Três ou quatro parágrafos apenas, não
foi preciso mais. A posição de Lula sobre a intervenção no Rio é magistral.
Demonstra que ele não é o que é por acaso. Ciro até tentou. Na essência,
apesar de sofrer ataques baixos de setores da militância petista anti-Ciro,
falou o mesmo. Mas não conseguiu chegar ao grau de sofisticação do
ex-presidente.
Quando publiquei há alguns dias um artigo chamando atenção da esquerda
para o abacaxi que tinha no colo, e de como seria difícil descascá-lo, que a
simples negação da proposta não resolveria, fui acusado de tudo. Jamais defendi
votar a favor ou contra. Só disse que o problema era complexo e merecia uma
resposta de mesmo porte. Até que "Ele" resolve entrar em campo.
Durante visita ao
acampamento do MST em Minas nesta quarta-feira, Luiz Inácio falou sobre a
intervenção e deu um verdadeiro show.
Não se posiciona contra nem a favor diretamente. Não briga com o exército,
mas afirma que as forças armadas não estão preparadas para enfrentar
traficantes e que esta não é sua missão institucional. Os militares devem ter
batido palmas para ele.
Não briga com a população, mais de 80% se posicionou a favor, dizendo que
ninguém pode ser contra uma medida emergencial num momento de emergência.
Não briga com parte da esquerda que votou contra a medida dizendo que é
uma ação improvisada de Temer, uma iniciativa oportunista e eleitoreira que não
vai resolver o problema.
Mira e atira no alvo central sem espalhar brasa: o xadrez político, onde o
atual presidente tenta ressuscitar.
Passa longe de devaneios como a "conspiração preparatória para um
golpe militar". Não entra em histeria. É equilibrado, ponderado e
pragmático. Dialoga com o interesse de todos os públicos envolvidos bailando
suavemente. Descasca o abacaxi como quem toca um violino.
Não por acaso tenho repetido que a esperança de um desfecho positivo para
esquerda, longe da gritaria que se instalou no seu meio, de corporativismos
partidários inúteis ao futuro do país, passará necessariamente pela bola que
Lula resolver chutar.
Se estiver num bom dia e entrar em campo com esta mesma lucidez, esteja
onde estiver, as chances de vitória do campo progressista serão boas. Que os
Deuses o iluminem.
(*) - Ricardo Cappelli é secretário da
representação do governo do Maranhão em Brasília e foi presidente da União
Nacional dos Estudantes. Artigo publicado em Brasil 247, em 21/02/2018
Campanha Educação no
Trânsito do:
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