Justiça nega
pedido para afastar Segovia do comando da Polícia Federal
O
diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia
(Foto: Wilson Dias/Arquivo/Agência Brasil)
A Justiça Federal em Brasília negou ontem, (26),
pedido para afastar o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Fernando Segovia,
do cargo. A decisão foi proferida em uma ação popular protocolada pelo senador
Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Na decisão, o juiz Ed Lyra Leal, da 22ª Vara Cível,
entendeu que as declarações dadas por Segovia em uma entrevista à imprensa
sobre a investigação envolvendo o presidente Michel Temer e outras pessoas não
foram suficientes para justificar o afastamento. Além disso, o magistrado
ressaltou que o caso sobre a entrevista está sendo conduzido pelo ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso.
"Conquanto se noticie nos autos comportamento
inadequado do agente público corréu, tal conduta não se qualifica de gravidade
suficiente a justificar a suspensão pretendida, uma vez que ausente demonstração
de ato concreto ou mesmo de intenção de interferência na investigação
preliminar", argumentou o juiz.
Mais cedo, a procuradora-geral da República, Raquel
Dodge, pediu ao ministro Barroso uma medida judicial para que Fernando Segovia
se abstenha de “qualquer ato de ingerência sobre a persecução penal em curso”.
A manifestação da procuradora foi motivada por um
pedido de parecer feito pelo ministro e ocorreu duas semanas após a entrevista
na qual Segovia disse que, no inquérito em que Temer e outros acusados são
investigados pela PF, com autorização do ministro Barroso, os "indícios
são muito frágeis" e sugeriu que o inquérito "poderia até concluir
que não houve crime".
Na semana passada, Fernando Segovia disse ao
ministro Barroso que não pretendeu “interferir, antecipar conclusões ou induzir
o arquivamento” do inquérito sobre o presidente Michel Temer. Ao ministro,
Segovia ressaltou que suas declarações foram "distorcidas e mal
interpretadas” e que não teve intenção de ameaçar com sanções o delegado
responsável pelo caso. Segovia também se comprometeu a não dar mais declarações
sobre a investigação.
Decreto dos Portos
Temer, o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures e os
empresários Ricardo Conrado Mesquita e Antônio Celso Grecco, ambos ligados à
empresa Rodrimar, que opera no Porto de Santos (SP), são acusados pelo suposto
favorecimento da empresa por meio da edição do chamado Decreto dos Portos
(Decreto 9.048/2017).
Em janeiro, ao responder por escrito aos
questionamentos dos delegados responsáveis pelo caso, a defesa do presidente
Temer declarou que ele nunca foi procurado por empresários do setor portuário
para tratar da edição do decreto. Sobre o ex-deputado Rocha Loures, um dos
investigados no inquérito, Temer disse que nunca o autorizou a fazer tratativas
em seu nome. "Peço vênia para realçar a impertinência de tal questão, por
colocar em dúvida a minha honorabilidade e dignidade pessoal", escreveu.
De Brasília, André Richter –
Repórter da Agência Brasil, em 27/02/2018, a 01h56
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