quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Situação hídrica do Ceará

 
Primeiro mês da quadra chuvosa, fevereiro encerra hoje com chuvas 30,1% acima da média do observado no período. Ao longo do mês, a média pluviométrica do Ceará chegou a 154.3 milímetros (mm). As boas chuvas, influenciadas pela La Niña e por temperaturas altas do Oceano Atlântico, contribuíram para o registro de aporte em 119 reservatórios dos 155 monitorados pela Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh). No entanto, grandes açudes como Castanhão, Orós e Banabuiú têm volume estabilizado, mas sem aportes significativos.
 AÇUDE Santo Antônio do Pitaguary, em Maracanaú, sangrou na manhã de ontem  FÁBIO LIMA
Sobre o assunto
Isso acontece porque, de acordo com o meteorologista Raul Fritz, supervisor da Unidade de Tempo e Clima da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), as primeiras chuvas servem para encher a pequena açudagem, encharcar e saturar o solo e preparar o terreno para aportes maiores em caso de continuidade de chuvas. “Temos expectativas de que com as condições atmosféricas e oceânicas favoráveis (com aprofundamento da La Niña e esquentamento do Oceano Atlântico em áreas próximas ao Nordeste Brasileiro, março deve ser o mês com o maior índice pluviométrico do ano”, projeta. A importância disso, conforme o meteorologista, é que a continuidade das chuvas faz com que as condições de umidade, evaporação e solo sejam mais favoráveis a recargas positivas em grandes reservatórios.
Ao todo, em fevereiro as chuvas representaram uma entrada de água nos açudes da ordem de 222,03 milhões de metro cúbicos (m³). Atualmente com 2,22% do volume, o Castanhão, maior açude público do Brasil para múltiplos usos, tem ensaiado uma recuperação, conforme o presidente da Cogerh, João Lúcio Farias. Em cinco dias, o açude passou de 2,08%, no dia 22 de fevereiro para 2,22% nos registros de ontem, 27.  
Em milhões de metros cúbicos, o volume passou de 139,52 para 148,69 - uma recarga de 9,17 milhões de m³. Com o aporte, o açude voltou a cota 66 (atualmente na 66,07). Para a Cogerh, o entendimento é que o reservatório atinge o volume morto na cota 65. Ainda assim, o volume atual é menor do que o do dia primeiro de janeiro, que era de 2,65%. 
O aporte do Castanhão é o maior registrado no estado nos últimos sete dias. Mesmo pequeno, é considerado “importante, mas ainda pouco para magnitude do Castanhão”. “O rio Salgado pega grande parte da área de influência do Castanhão. E ali tem chovido bem. 
Neste momento, o Salgado tem corrido e o Castanhão começou a pegar água, de forma lenta, mas é importante, e a expectativa é que no mês de março seja mais intenso”, acredita Farias.  
Também nos último cinco dias, o Orós oscila entre 5,8% e 5,82% de seu volume. Com baixas e leves aumentos, o aporte foi de 400 mil m³ de água, passando da cota 180,02 para a 180,05. Ali, conforme Farias, a influência é do Rio Cariús que também começa a escorrer e poderá em março intensificar o aporte no açude, o segundo maior do Ceará. No açude Banabuiú, com apenas 0,45%, o problema está no grande número de reservatórios no entorno que pegam água antes que o Banabuiú consiga se reabastecer. 222 milhões de m³ de água foram acumulados, em fevereiro, nos açudes 2,22% é o atual volume do Castanhão. Em 1º de janeiro deste ano, o volume era 2,65%.
Por Domitila Andrade, em O Povo, 28/02/2018

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