PF pede
transferência de Lula e diz que já gastou R$ 150 mil com prisão
Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(Foto: André Penner/AP Photo)
A Superintendência da Polícia Federal de Curitiba pediu à Justiça a
transferência de Lula para "um estabelecimento prisional adequado para o
cumprimento da pena imposta".
Em ofício "urgente" endereçado à juíza Carolina Lebbos, da
execução penal, os policiais afirmam que os transtornos causados pela presença
do ex-presidente na carceragem da PF são inúmeros e os gastos para mantê-lo,
muito altos.
De acordo com o documento, "tem-se uma perspectiva de gastos de
aproximadamente R$ 300 mil" no mês com diárias de policiais, passagens e
deslocamentos de pessoal de outras unidades para reforçar a segurança da
superintendência.
Em cerca de quinze dias, já foram gastos R$ 150 mil.
Os delegados afirmam ainda temer a proximidade do 1º de Maio, Dia do
Trabalhador. "Diante da circunstância da prisão do ex-presidente da
República, todos os movimentos sociais e de trabalhadores estão se organizando
para trazer para Curitiba o evento principal do feriado. Em informações
preliminares fala-se em uma concentração de até 50 mil pessoas".
Eles argumentam que "toda a região" em torno da
Superintendência da PF "teve a sua rotina alterada, como profundas
modificações na circulação de pessoas e veículos" já que apoiadores de
Lula se reúnem diariamente perto do local.
Afirmam também que as instalações da PF não são adequadas para um preso
nas condições de Lula e que a sala em que ele se encontra não é apropriada
"para a longa permanência de pessoas alojadas", tendo sido
improvisada.
"As dependências da custódia de presos da unidade são muito
limitadas e não se destinam a execução de penas ou mesmo à permanência regular
de presos", afirmam. "As instalações têm essencialmente a natureza de
trânsito, ou seja, destinadas a presos em flagrante apresentados ao plantão da
sede e à custódia de presos tutelares até que se tenha as vagas correspondentes
para as transferências ao sistema carcerário estadual."
A Polícia Federal lembra ainda "a ausência de sala de Estado Maior
para custódia de presos que possuem esta prerrogativa [caso de Lula] ou que
tenha sido a eles deferida, gerando a adequação improvisada de espaço para
atendimento de todos os parâmetros determinados pelo juiz competente".
Afirmam ainda que o combinado era que Lula permanecesse por pouco tempo
na PF.
"Em que pese a existência de planejamento prévio visando o
atendimento das ocorrências das manifestações públicas, (...) a premissa sempre
foi a de que a custódia do ex-presidente da Republica se daria no âmbito da
Superintendência da PF em Curitiba apenas por alguns dias", afirmam.
Eles se referem ainda à "grande dificuldade de manter os serviços à
população" e à "possibilidade de episódios de violência" nas
cercanias da PF.
Reclamam também dos "reiterados pedidos de visitas" a Lula, o
que alteraria a rotina do órgão, dificultando o seu funcionamento.
A defesa tem prazo para se manifestar sobre o pedido.
De São Paulo (SP),
Mônica Bergamo, Folhapress, 24/04/2018, às 14h15
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