quarta-feira, 13 de junho de 2018

Opinião - Artigo

O Papa apoia Lula em silêncio
Alex Solnik 
Por Alex Solnik (*)
Por tudo o que o Papa Francisco já disse e fez em seu mandato, por tudo o que pensa do mundo, não há dúvida de que ele está muito mais próximo de Lula que de Moro e de Temer.
O incidente com o advogado argentino Juan Grabois que para mim continua nebuloso revela ao mesmo tempo a intenção por parte do papa de estender a mão a Lula e a dificuldade de fazê-lo devido à oposição conservadora que enfrenta no Vaticano.
Nem uma nem duas vezes Francisco verbalizou sua situação desconfortável e até perigosa em frases tais como "rezem por mim". Também são conhecidas as histórias de capa e espada que pairam nos bastidores do Vaticano. Até hoje se especula se o "Papa Sorriso" não foi envenenado, para citar apenas o enredo sheakspeariano mais recente. No Vaticano mora o perigo. Especialmente para o papa.
Uma coisa é indiscutível: o sr. Grabois não é um picareta que tentou ganhar seus 15 minutos de fama. Nem ele nem a assessoria de imprensa do Vaticano foram precisos em esclarecer os fatos, talvez por não estarem autorizados, mas é possível supor que a visita pode ter sido uma tentativa do Papa de passar a sua mensagem cifrada de apoio a Lula.
É bem possível que seu coração esteja ao lado de Lula, possivelmente ele até gostaria de ele mesmo visitá-lo, mas nem sempre um chefe de estado pode e deve fazer o que seu coração manda.
O papa é a pessoa mais poderosa do mundo. Se numa prédica dominical da praça de São Pedro ele pedisse liberdade para Lula, Temer não teria como não o indultar.
Mas nem sempre os poderosos podem utilizar o seu poder.
O papa apoia Lula em silêncio.
(*) – Alex Solnik é jornalista e escritor, autor de várias obras. Artigo publicado em 247, 13/06/2018

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