Corregedor intima juízes envolvidos em polêmica sobre
soltura de Lula
Ministro corregedor João Otávio de Noronha (Foto: Divulgação DMM)
Os três juízes envolvidos na
guerra de decisões em torno da soltura do ex-presidente Lula, no último dia 8,
terão até 16 de agosto para prestar esclarecimentos sobre suas condutas à
Corregedoria Nacional de Justiça.
O juiz plantonista do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) na
ocasião, Rogério Favreto, o relator da Lava Jato no tribunal, João Pedro Gebran
Neto, e o responsável pela operação na primeira instância, Sergio Moro, foram
intimados pelo corregedor, ministro João Otávio de Noronha, conforme informou o
CNJ (Conselho Nacional de Justiça) nesta quinta (19).
Noronha determinou na semana passada a abertura de uma apuração preliminar
sobre a conduta dos magistrados após receber oito representações contra Favreto
e duas contra Moro. As representações serão analisadas em conjunto.
No dia 8, Favreto mandou libertar Lula durante o plantão judiciário de
domingo no TRF-4, atendendo a um pedido de parlamentares petistas. Em seguida,
Moro, que estava de férias, e Gebran deram despachos para que a Polícia Federal
não cumprisse a ordem de soltura.
O imbróglio terminou com uma decisão do presidente do tribunal regional,
Carlos Thompson Flores, que manteve Lula preso.
Dois dias depois, a presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça),
ministra Laurita Vaz, afirmou que não era atribuição do juiz plantonista
decidir sobre a libertação do petista, que já havia sido negada pelas cortes
superiores.
Após os três magistrados fornecerem as informações, o corregedor de
Justiça deverá decidir se há indícios para abrir um Procedimento Administrativo
Disciplinar contra eles.
Em caso afirmativo, o corregedor levará o caso ao plenário do CNJ, formado
por 15 membros que votarão por abrir ou não o processo. Pela lei, as punições
para magistrados vão de advertência até aposentadoria compulsória (com
manutenção de salário).
Noronha, atual corregedor, deixará o cargo no dia 24 de agosto, oito dias
após o prazo final para que Favreto, Gebran e Moro se manifestem. É provável
que a análise do caso fique para o sucessor de Noronha na Corregedoria, o
ministro do STJ Humberto Martins.
A guerra de decisões sobre Lula no
TRF-4 também gerou um pedido da Procuradoria-Geral da República para que a
presidente do STJ proibisse a soltura e determinasse à Polícia Federal que se
abstenha de cumprir mandados referentes à liberdade do petista "que não
contenham a chancela" do STJ.
O objetivo da PGR era, assim, evitar novas tentativas de soltá-lo em
instâncias inferiores.
Para a ministra Laurita, contudo, o pedido da PGR ficou prejudicado porque
a dúvida sobre a quem compete analisar pedidos de soltura já foi resolvida pelo
presidente do TRF-4 e por ela própria na semana passada. Ela não fez menção ao
pedido mais amplo que visava impedir que a PF cumpra ordens de soltura não
avalizadas pelo STJ.
De Brasília, Reynaldo Trujollo Jr.
FolhaPress, em 20/07/2018
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