Lewandowski libera
entrevista de Lula a Florestan Fernandes

O
jornalista Florestan Fernandes Júnior está autorizado a entrevistar o
ex-presidente Lula para o jornal El Pais e para a Rede Minas de Televisão. A
decisão foi tomada pelo ministro Ricardo Lewandowski em despacho publicado
ontem. Lewandowski tomou a decisão no mesmo dia em que o presidente da corte,
Dias Toffoli, decidiu, em parceria com seu colega Luiz Fux, trazer de volta a
censura prévia ao Brasil.
Em
sua decisão, o ministro Lewandowski avalia que a liminar de Luiz Fux –
flagrantemente ilegal – não atinge o pedido formulado por Florestan. O ministro
também questiona os poderes de Toffoli para cassar sua decisão no tocante à
Folha e aponta "motivações subalternas". Ao ser empossado como
presidente do Supremo Tribunal Federal, Toffoli indicou como assessor especial
o general Fernando Azevedo e Silva, que foi chefe do Estado Maior das Forças
Armadas. Ontem, numa declaração amplamente criticada, Toffoli afirmou que não
se refere à ditadura de 1964, mas ao 'movimento' de 1964.
Ao
censurar a imprensa, Toffoli pretendia que os pedidos formulados por órgãos de
imprensa para entrevistar Lula só fossem avaliados depois do segundo turno das
eleições presidenciais. Aparentemente, o objetivo é evitar que Lula diga o
óbvio: que só foi preso para ser impedido de disputar as eleições presidenciais
de 2018 e que Fernando Haddad representa a continuidade de seu projeto
político. Silenciar Lula, portanto, é uma forma de alavancar a candidatura de
Jair Bolsonaro, que, no último sábado, foi alvo do maior protesto antifascista
da história do Brasil.
A
censura a Lula também afronta decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU, que
determinou a manutenção dos direitos políticos de Lula e também que ele pudesse
conceder entrevistas. Preso político há quase seis meses, Lula foi impedido de
votar, de ser votado e agora de conceder entrevistas por Toffoli e Fux. No
entanto, a decisão de Lewandowski obriga a Polícia Federal a garantir a
entrevista de Lula a Florestan Fernandes Júnior. Não se sabe quando Toffoli
levará o caso ao plenário do Supremo Tribunal Federal. Antecessora de Toffoli
no cargo, Cármen Lúcia dizia que 'o cala boca já morreu'. Toffoli provou o
contrário.
Confira
o despacho do ministro Lewandowski:

De Brasília (DF), Brasil 247, em 02/10/2018, às 05h02


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