O tiro saiu
pela culatra
Por Alex
Solnik (*)
As manifestações de hoje contra o Congresso e o STF não chegaram nem aos
pés das do dia 15, contra a destruição da educação. Se a ideia de Bolsonaro foi
dar uma demonstração de força, o tiro saiu pela culatra: foi uma demonstração
de fraqueza.
A maior aglomeração deu-se na praia de Copacabana. Ainda assim, quem
pedia a cabeça de Rodrigo Maia era uma minoria. O Rio tem tradição de direita
desde os anos 30, quando os integralistas de Plinio Salgado marchavam no
Flamengo e promoviam quebra-quebras no centro.
Manifestações sem povo, apenas a classe média compareceu. Números
inexpressivos. Vinte mil em Belo Horizonte, 10 mil em Brasília, no Rio um pouco
mais. Nenhum entusiasmo, nenhuma animação, nenhum jovem. Os jovens se guardaram
para a próxima passeata contra os desmandos do governo autoritário.
Colocar gente na rua num domingo é moleza. As pessoas não têm o que
fazer. E fazia tempo não tiravam da gaveta suas camisetas da seleção
falsificadas. Nem assim Bolsonaro conseguiu arrastar a multidão que esperava.
As ruas confirmaram o que as pesquisas já apontavam: Bolsonaro está
caindo e a sua agenda de extrema-direita só tem apoio de uma minoria que faz
barulho na internet.
(*) – Alex Solnik
é Jornalista, integrante do Jornalistas pela Democracia. Publicado em Brasil
247, em 27/05/2019
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