PF prende
assessor especial do ministro do Turismo em investigação de candidaturas
laranjas do PSL
O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio (Foto: Jorge William / Agência O Globo)
A Polícia
Federal prendeu, na manhã desta quinta-feira, um assessor especial do
ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, em desdobramento da apuração sobre
supostas candidaturas laranjas do PSL em Minas Gerais. Mateus
Von Rondon foi detido em Brasília. Um dos coordenadores da campanha de Álvaro
Antônio em 2018, Roberto Silva Soares, conhecido como Robertinho, foi preso na
mesma ação, em Ipatinga.
As
informações são do G1. Batizada de Sufrágio Ostentação, a operação cumpre
mandados de busca e apreensão e de prisão temporária. Há agentes nas ruas de
Aimorés e Ipatinga, na Região do Vale do Rio Doce, e em Brasília. Em 29 de
abril, em primeira fase da ação, a PF fez buscas em sete endereços de cinco
cidades de Minas Gerais, incluindo a sede do PSL em Belo Horizonte.
Segundo o
G1, os suspeitos são investigados pelos crimes de falsidade ideológica
eleitoral, emprego ilícito do fundo eleitoral e associação criminosa.
Entenda as suspeita de candidaturas laranjas
do PSL, investigadas pela PF:
Von Rondon
foi levado à Superintendência da PF em Brasília, por volta de 7h40 desta
quinta-feira. A empresa dele consta na prestação de contas de quatro candidatas
à Assembleia estadual e à Câmara dos Deputados que teriam sido usadas pelo PSL
de Minas como laranjas.
Ainda de
acordo com o G1, Lilian Bernardino, Naftali Tamar, Débora Gomes e Camila
Fernandes disseram ter pagado R$ 32 mil à companhia do hoje assessor do
ministro. A PF acredita que a empresa tenha sido criada apenas para este fim,
já que foi fechada após o fim das eleições. As quatro candidatas tiveram poucos
votos no pleito, apesar do recebimento dos recursos do partido, o que levantou
suspeitas sobre a regularidade dos repasses e motivou a abertura de
investigação em fevereiro.
Robertinho,
que era figura central do suposto esquema de candidaturas laranjas, deixou em
abril a executiva do PSL de Minas Gerais. Ele ocupava o lugar de primeiro
secretário do diretório em Minas. A saída ocorreu depois de seu antigo chefe, o
ministro Álvaro Antônio, se tornar alvo de suspeitas de participação no desvio
de recursos públicos do fundo partidário nas eleições do ano passado.
Robertinho é irmão do dono de uma das gráficas utilizadas no suposto esquema.
Segundo a PF, empresa não funcionava há dois anos e emitiu notas fiscais para
candidaturas do PSL no estado.
Em maio, o
presidente Jair Bolsonaro, que é do PSL do Rio, ironizou as denúncias sobre as
candidaturas da sigla. Disse que até gostaria de ser dono de um laranjal,
porque "laranja é um produto rendoso".
Suspeitas
de laranjas
Robertinho
foi acusado pela então candidata do PSL de Minas Gerais, Adriana Moreira
Borges, de condicionar um repasse de R$ 100 mil do fundo partidário do PSL para
sua campanha à devolução de R$ 90 mil ao partido. Em entrevista ao GLOBO,
Moreira negou ter aceitado a proposta por considerá-la imoral.
Em abril, a
deputada federal Alê Silva (PSL-MG), acusou Marcelo Álvaro Antônio de ameaça-la
de morte em duas ocasiões, com transmissão de recado sobre a ameaça por parte
de políticas do PSL. A deputada reuniu informações sobre o caso e
entregou a uma associação regional para que fossem repassadas ao Ministério
Público. O ministro nega a acusação.
Desde
fevereiro, o Ministério Público de Minas Gerais investiga a relação do atual
ministro do Turismo com uma empresa de serviços digitais pertencente
a Von Rondon, dentro do procedimento que apura as supostas candidaturas
laranjas. Entre 2015 e 2018, a companhia recebeu R$ 193 mil em verbas do
gabinete de Álvaro Antônio, que era deputado federal. Foi a mesma empresa que
recebeu os R$ 32 mil das quatro candidatas em 2018 — as candidaturas serviriam
apenas para receber dinheiro do partido e devolvê-lo a empresas ligadas a
Álvaro Antônio, que presidia o PSL em Minas Gerais.
No último
dia 21 de janeiro, Von Rondon fechou a firma junto à Receita. Dois dias depois,
foi nomeado como assessor no gabinete do ministro.
Em 10 de
fevereiro, o jornal "Folha de S. Paulo" revelou o caso de uma
candidata a deputada federal em Pernambuco que teve apenas 247 votos na eleição
do ano passado, embora tenha recebido do PSL R$ 400 mil para cobrir supostas
despesas de campanha. O gasto com a campanha de Maria de Lourdes Paixão Santos
seria o terceiro maior do partido.
Ainda naquele mês, O GLOBO revelou que duas candidatas do PSL a deputada
estadual no Ceará e no Pernambuco adquiriram, menos de 48 horas da eleição,
mais de 10 milhões de santinhos, folderes e preguinhas. O partido
ainda destinou a poucos dias do primeiro turno R$ 268 mil, montante que mal
parou nas contas de campanha de Gislani Maia e Mariana Nunes — elas gastaram
praticamente todo o valor recebido em gráficas entre os dias 5 e 6 de outubro
do ano passado.
Do Rio de Janeiro (RJ), O Globo, em 27/06/2019, às 08h58
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