Está caindo a
casa dos Bolsonaro: será que agora Queiroz vai falar?
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Por Ricardo Kotscho (*)
A devassa desencadeada esta
manhã pelo Ministério Público do Rio, contra a família Bolsonaro e assessores
do clã, explica o nervosismo do presidente nos últimos dias, assustado com as
investigações sobre “rachadinhas” e o assassinato de Marielle Franco e Anderson
Gomes.
O próprio Bolsonaro, em suas
declarações semana passada no cercadinho do Alvorada, antecipou que novas
denúncias viriam e acusou o governador do Rio, Wilson Witzel, de estar por trás
da operação.
As primeiras denúncias contra
Fabrício Queiroz, ex-PM que é motorista, segurança, faz-tudo e caixa da
família, surgiram há 14 meses, tempo em que ele está desaparecido para tratar
de um câncer em São Paulo.
O esquema foi descoberto pelo
Coaf, sigla que até mudou de ministério e de letras nesse meio tempo, mas as
investigações foram suspensas pelo presidente do STF, Dias Toffoli, atendendo a
um pedido do filho 01 Flávio Bolsonaro, que chefiou Queiroz de 2007 a 2018.
Velho amigo do capitão Jair
Bolsonaro desde os tempos de quartel, Queiroz virou uma lenda urbana antes da
posse do clã e ganhou mais notoriedade quando a polícia carioca começou a
investigar suas ligações com os milicianos acusados de executar Marielle.
A Operação de hoje do MP, que
já estava planejada há seis meses, e só foi possível agora, depois do STF
derrubar a liminar de Toffoli, está baseada nas “rachadinhas” no gabinete de
Flávio, em que funcionários fantasmas devolviam parte do salário ao gabinete.
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Mas, se e quando Queiroz for
ouvido, ele terá muito mais a explicar sobre o submundo político-miliciano em
que os Bolsonaros se meteram no Rio antes de chegar ao Palácio do Planalto.
Queiroz é peça-chave nesse
esquema e, se resolver fazer delação, o que eu duvido muito, pode derrubar a
casa de uma vez.
Só que nestes 14 meses
passados, já deu mais do que tempo para ele sumir com todas as provas.
A polícia poderia começar
perguntando quem paga o tratamento contra o câncer que Queiroz está fazendo no
Hospital Albert Einstein, o mais caro do país.
Seria uma boa pista para
chegar a quem interessa manter o silêncio do ex-assessor, fisgado pelo antigo
Coaf com uma movimentação atípica de R$ 1,2 milhões. .
Agentes foram a endereços de
Queiroz e seus parentes no Rio (ele estava em São Paulo na última vez em que
foi visto) e de outros assessores do hoje senador Flávio Bolsonaro.
Entre eles, estão nove
parentes de Ana Siqueira da Rocha Valle, ex-mulher de Bolsonaro e mãe do seu
filho Jair Renan, que moram em Resende, no sul do estado do Rio, e recebiam
salários na Assembléia Legislativa.
Foram recolhidos documentos e
celulares na casa de alguns dos investigados.
No total, eles cumprem 24
mandados de busca e apreensão. São investigados crimes de peculato, lavagem de
dinheiro, ocultação de patrimônio e organização criminosa.
Em outubro, mensagens
reveladas pela Folha já mostravam a preocupação de Queiroz com as investigações
do Ministério Público.
“Eu não vejo ninguém mover
nada para tentar me ajudar aí. Ver e tal… É só porrada. O MP tá com uma pica do
tamanho de um cometa para enterrar na gente”.
Vida que segue.
(*) – Ricardo Kotscho é jornalista. Integra o
Jornalistas pela Democracia. Art. Publicado em Brasil 247, em 18.12.209, às 13h16
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