Lewandowski:
combate à corrupção no Brasil sempre foi mote para permitir retrocessos
Ministro Ricardo Lewandowski (Foto:
Antônio Cruz/Agência Brasil)
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo
Lewandowski disse, em entrevista ao El País, que a Operação Lava Jato foi
"extremamente seletiva" e que "o combate à corrupção no Brasil
sempre foi um mote para permitir retrocessos".
"O combate à corrupção é necessário. Todos nós queremos
combater a corrupção. Mas, infelizmente, no Brasil, o combate à corrupção
sempre foi um mote para permitir que se promovessem retrocessos institucionais.
Foi assim na época do suicídio de Getúlio Vargas, foi assim em 64. É uma visão
moralista política do combate à corrupção, a meu ver, absolutamente deletéria.
O combate à corrupção tem que ser feito diuturnamente, permanentemente, mas
existem outros males igualmente graves no Brasil: a má distribuição de renda, a
exclusão social, o sucateamento da educação, a precarização da saúde pública.
São males que equivalem, se não são superiores, ao mal da corrupção",
declarou.
Como exemplo do que
deu errado nas ações da força-tarefa de Curitiba, Lewandowski citou a
seletividade e a ausência de democracia no modus operandi da Lava
Jato. "Foram extremamente seletivas, elas não foram democráticas
no sentido de pegar os oligarcas de maneira ampla e abrangente".
"Essa avaliação episódica que certas operações produziram pode se mostrar
no futuro próximo realmente uma falácia", completou.
O ministro comentou
também o vazamento de mensagens trocadas entre integrantes da operação,
inclusive entre o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o
procurador Deltan Dallagnol, pelo Intercept, na Vaza Jato.
"As revelações
do The Intercept são gravíssimas, denúncias que precisam ser apuradas e que,
diga-se, até o momento não foram desmentidas. Agora, o Supremo já corrigiu
certos desmandos que ocorreram, não só no âmbito da operação Lava Jato, mas
também em outros juízos, de 1º e 2º graus".
De Brasília (DF), por Brasil 247, publicado em
07/01/2020, às 16h59
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