Globo detona
Ernesto Araújo e Bolsonaro e diz que ambos atentam contra os interesses do
Brasil
Acordo militar com os EUA é volta ao passado (Foto: Valter
Campanato/Agência Brasil)
Jair
Bolsonaro e Ernesto Araújo atentam contra os interesses do Brasil, ao colocar o
Itamaraty a serviço dos interesses de Donald Trump. É o que aponta editorial desta
terça-feira do jornal O Globo, da família Marinho. "Da mesma forma que
atuam outras áreas do governo sob forte influência ideológica extremista, o
Itamaraty do chanceler Ernesto Araújo reagiu de maneira desequilibrada ao
ataque americano que matou nas imediações do aeroporto de Bagdá o general
iraniano Qassem Soleimani, o segundo homem forte da teocracia persa, abaixo do
aiatolá Ali Khamenei. Sem nenhum dos cuidados que a diplomacia brasileira
costumava ter ao se posicionar sobre conflitos no Oriente Médio, Araújo
avalizou a operação autorizada pelo presidente Trump", diz o texto.
"Criticado por
ex-embaixadores, o Itamaraty, alinhando-se a Trump, levou o Brasil a passar a
considerar terrorista a Guarda Revolucionária persa, comandada por Soleimani.
Até a chegada de Bolsonaro ao Planalto, o país qualificava como tal apenas a
al-Qaeda e o Estado Islâmico, conforme entendem as Nações Unidas. Esta é mais
uma demonstração de que a nova diplomacia brasileira imita a Casa Branca,
negando legitimidade aos fóruns do multilaterialismo, como a ONU. Fez o mesmo
ao prometer seguir Trump e transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel
Aviv para Jerusalém, o que significa desconhecer direitos palestinos",
lembra o editorial.
"O Brasil, antes de tudo,
precisa preservar seus interesses, que não podem ser deste ou daquele governo.
O de Bolsonaro apoia uma ação que torna o Oriente Médio mais perigoso e, por
consequência, o mundo, devido à importância da região no suprimento mundial de
petróleo. Não servem ao Brasil choques que abalem mercados", afirma ainda
o editorialista. "Não é jogo para o Brasil entrar. Precisa é se preocupar,
por exemplo, com os bilhões de dólares que obtém com as vendas do agronegócio
para países islâmicos. Só com o Irã, acumula um saldo de US$ 2 bilhões.
Do Rio de Janeiro, Brasil 247, com editorial do jornal
O Globo, publicado em 07.01.2020, às 05h55
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