Supremo barra
arbítrio de Bolsonaro contra Congresso
Presidente Jair
Bolsonaro e Dias Toffoli, presidente do STF (Foto: Marcos Corrêa/PR)
O STF (Supremo Tribunal Federal) tem
impedido a execução de atos do governo Jair Bolsonaro com o entendimento de que
desrespeitam a atribuição do Congresso de legislar sobre diferentes temas,
sobretudo os que têm impacto na área social.
A atuação do Supremo tem representado
um meio de contenção das arbitrariedades e desmandos de Bolsonaro e sua equipe
de governo. As decisões do STF têm sido tomadas quando a corte é acionada por
entidades, como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), partidos políticos e o
Ministério Público.
Reportagem dos jornalistas Reinaldo
Turulo Jr. e Natália Cancian, na Folha de S. Paulo, indica exemplos de ações do
Supremo que impediram medidas do governo que atropelam o Legislativo. A mais
recente foi a suspensão de uma medida provisória editada por Bolsonaro em
novembro para extinguir o seguro obrigatório DPVAT.
O Supremo derrubou em agosto por
unanimidade uma MP de Bolsonaro que transferia da Funai (Fundação Nacional do
Índio) para o Ministério da Agricultura a responsabilidade de demarcar terras
indígenas.
“O comportamento do atual presidente
da República, revelado na reedição de medida provisória clara e expressamente
rejeitada pelo Congresso Nacional, traduz uma clara, inaceitável transgressão à
autoridade suprema da Constituição Federal e representa inadmissível e perigosa
transgressão ao princípio fundamental da separação de Poderes”, afirmou.
“Uma visão do processo político
institucional que se recuse a compreender a supremacia da Constituição e que
hesite em submeter-se à autoridade normativa dos seus preceitos [...] é
censurável. É preocupante essa compreensão, pois torna evidente que parece ainda haver, na
intimidade do poder hoje, um resíduo de indisfarçável autoritarismo, despojado sob
tal aspecto, quando transgride a autoridade da Constituição, de qualquer
coeficiente de legitimidade ético-jurídica.”
Também por unanimidade, o Supremo
limitou em junho o alcance de um decreto de Bolsonaro que permitia extinguir
todos os órgãos colegiados da administração federal, como conselhos, comitês e
comissões —o que, na visão dos críticos, visava restringir a participação da
sociedade na tomada de decisões.
O STF proibiu Bolsonaro de fechar os
colegiados previstos em lei, ou seja, aqueles que foram criados pelo Congresso.
“Qualquer processo pretensamente
democrático deve oferecer condições para que todos se sintam igualmente
qualificados para participar do processo de tomada de decisões”, disse o
ministro Marco Aurélio Mello no julgamento referindo-se ao acesso aos
conselhos.
De Brasília, com reportagem da Folha de S. Paulo, por Brasil 247, publicada em 06.01.2020
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