terça-feira, 12 de maio de 2020

Justiça

Depoimento de Augusto Heleno à Polícia Federal preocupa Planalto
 O general Heleno é um dos mais próximos ao presidente e uma das poucas vozes que ele ouve nos momentos de maior tensão no governo. (Photo: EVARISTO SA via Getty Images)
O general Heleno é um dos mais próximos ao presidente e uma das poucas vozes
que ele ouve nos momentos de maior tensão no governo
(Photo: Evaristo Sá, via Getty Images)
Os depoimentos dos três ministros militares palacianos nesta terça-feira (12) tensionou ainda mais o clima no governo, já pesado desde a instauração do inquérito que investiga as acusações do ex-ministro Sergio Moro a Jair Bolsonaro. A maior preocupação é com a oitiva de Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), uma das poucas vozes que o mandatário costuma escutar.
A inquietação é tamanha porque o general teria aconselhado o presidente sobre os limites dos relatórios de inteligência da Polícia Federal a que Moro acusou Bolsonaro de querer ter acesso. Como testemunhas não podem ficar caladas em depoimentos em inquérito policial, o general terá que dar sua versão sobre as acusações do ex-ministro da Justiça.
Além de Heleno, serão ouvidos os generais Walter Braga Netto e Luiz Eduardo Ramos — os três no Palácio do Planalto e no mesmo horário, às 15 horas. A ideia de ouvi-los todos ao mesmo tempo é para que nenhum saiba o que o outro disse à PF e não possa, assim, balizar o que vai falar sobre o depoimento do colega. 
Segundo Moro, todos participaram de conversas nas quais Bolsonaro o pressionou pela troca do comando da PF e da superintendência da corporação no Rio. Isso, além da fatídica reunião do dia 22 de abril, cuja gravação foi entregue ao STF (Supremo Tribunal Federal) na sexta passada e será exibida apenas à PGR (Procuradoria-Geral da República), AGU (Advocacia-Geral da União), que defende o presidente, e a Moro e seus advogados nesta terça, a partir das 8 horas. 
Acontece que o general Augusto Heleno, chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), teria advertido o mandatário de que há um limite sobre as informações da Polícia Federal às quais ele poderia ter acesso. Como vítima, por exemplo, ele poderia requerer dados das investigações sobre o ataque à faca, que sofreu em setembro de 2018, por Adélio Bispo. Seria legítimo ainda solicitar algo que tangenciasse segurança nacional. Não poderia, porém, requisitar notícias de operações ou investigações sobre terceiros. 
A insistência de Bolsonaro em ter acesso a informações da PF poderia significar tentativa de interferir na corporação, mas ainda não está claro até que ponto constitui crime. É isso que se quer esclarecer com os interrogatórios. 
Delegados da PF também são peças-chave
O clima de preocupação pelos depoimentos já começou nesta segunda-feira (11). O ex-diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo foi ouvido em Curitiba por quase 6 horas. Segundo fontes da PF e interlocutores da PGR, este era um depoimento considerado essencial para as investigações, já que podia esclarecer, por exemplo, como e há quanto tempo ele vinha sendo pressionado para trocar a Superintendência do Rio de Janeiro. 
Segundo Moro afirmou no depoimento que prestou à PF, também em Curitiba, no último 2 de maio, Bolsonaro teria dito que o ex-ministro tinha 27 Superintendências enquanto ele [o presidente] só queria uma, a do Rio de Janeiro. 
Por Débora Álvares, HuffPost Brasil, publicado em 12.05.2020, às 07h18
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