Modelo adotado no leilão de Libra é motivo de
dúvida até para Petrobras
O leilão de hoje do campo de pré-sal de Libra, na
bacia de Santos, pode ser o primeiro e último em que a Petrobras participa como
operadora única e dona obrigatória de pelo menos 30% do consórcio vencedor.
Segundo
a Folha apurou, a própria estatal já manifestou o desejo de
rediscutir o modelo para torná-lo, pelo menos, opcional. Ou seja, de acordo com
a conjuntura da empresa, ela poderia abrir mão dos direitos atuais.
O
problema é que, para técnicos da estatal, o que pode ser considerado um
"privilégio" num dado momento torna-se um "peso" em
situações como a atual, em que a empresa enfrenta dificuldades de caixa para
bancar seu plano de investimento de US$ 236,5 bilhões.
O
próximo leilão do pré-sal está previsto para ocorrer só em dois ou três anos,
segundo a diretora-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), Magda
Chambriard.
Dentro
do governo, a ordem é aguardar o leilão de hoje, que funcionará como um
"teste" do modelo de partilha, no qual a participação da Petrobras é
garantida e fortalecida pela legislação.
A
tendência, segundo fontes ouvidas pela Folha, é que apenas um consórcio
-formado pela Petrobras e pelas chinesas CNPC e CNOOC- apresente oferta.
ATÉ
A ÚLTIMA HORA
Outro
consórcio, liderado pela Shell, com a indiana ONGC e a francesa Total, estaria
encontrando problemas para ser fechado, mas ainda não foi totalmente
descartado. A composição de consórcios costuma ser fechada geralmente na última
hora e sob muito sigilo.
No
caso de Libra, que inaugura um modelo inédito no país -o regime de partilha-,
as negociações foram ainda mais complicadas.
Do
lado da indústria, o principal problema foi a exigência de que a Petrobras
atuasse como operadora do campo. Isso afastou petroleiras de peso, como a Exxon
e a BP, e pode inibir que outras façam lances no certame, mesmo que Libra seja
a principal descoberta já feita no Brasil e a maior oferta de um reservatório
de petróleo já feita no mundo.
VALDO CRUZ, DE BRASÍLIA/DENISE LUNA, DO RIO DE JENEIRO,
21.10.2013, às 03h00
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