Advogados
pedem impeachment de Roseana Sarney por violações aos direitos humanos
Um
grupo de sete advogados e um bacharel em direito (sete deles moradores de São
Paulo e um do Maranhão) vai pedir à Assembleia Legislativa do Maranhão o impeachment da
governadora Roseana Sarney. De acordo com Rubens Glezer, um dos integrantes do
Coletivo de Advogados em Direitos Humanos, a denúncia por crime de
responsabilidade, com o pedido de perda de cargo, vai ser protocolado ainda
hoje (14). O requerimento é destinado ao presidente da assembleia estadual,
Arnaldo Melo, filiado ao mesmo partido da governadora, o PMDB.
“O
presidente deve formar uma comissão especial para fazer um parecer preliminar
que vai dizer se a petição atende aos requisitos formais e se há fundamentos
legais no pedido. Claro que, a nosso ver, o requerimento preenche isso, e a
assembleia terá que votar pela aceitabilidade do pedido”, defendeu Glezer em
entrevista à Agência Brasil e à Rádio Nacional. A OAB
disse não ter conhecimento da iniciativa do Coletivo de Advogados em Direitos
Humanos.
Na
cópia do requerimento, à que a Agência Brasil teve acesso, os
advogados citam duas razões para acusar Roseana Sarney de “atentar contra o
exercício dos direitos individuais e sociais” dos detentos e, assim, cometer
crime de responsabilidade. Um é tolerar que autoridades a ela subordinada
cometam abuso de poder. Outro é violar direitos constitucionais.
“A
lei que estabelece os crimes de responsabilidade, que fundamentam os pedidos de impeachment,
permitem a todo e qualquer cidadão pedir isso. Por se tratar de um caso de
violações de direitos humanos e das garantias individuais, pessoas de fora do
estado muitas vezes possuem mais condições políticas de fazer essa denúncia do
que quem está sujeito ao sistema de segurança pública que está sendo
questionado”, afirmou o advogado.
Se
o requerimento for aceito e Roseana perder o cargo, será preciso definir como
ficará a situação do comando do Executivo estadual, uma vez que o
vice-governador, Washington Luiz Oliveira (PT), renunciou ao cargo, em
novembro, para assumir uma vaga no conselho do Tribunal de Contas do Estado
(TCE). "Vale destacar que o resultado do impeachment é
muito mais democrático, ou menos traumático, que uma eventual intervenção
federal, quando o governador é substituído por alguém nomeado pelo presidente
da República."
De
acordo com Glezer, os profissionais que assinam o requerimento não podem ser
acusados de oportunistas ou de ter interesses políticos. Para ele, a
ineficiência do governo estadual resultou numa das mais “desastrosas políticas
carcerárias” do país, com o assassinato de 60 detentos no interior do Complexo
Penitenciário de Pedrinhas durante 2013.
“Há
uma inércia política que constitui um crime. Nos acusar [disso] seria ignorar
os fatos que cercam as violações aos direitos humanos, tudo o que vem sendo
noticiado pela mídia e que o próprio procurador-geral da República cogita pedir
a intervenção federal no estado”, destacou.
Desde
2007, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vem acompanhando a situação do
sistema carcerário estadual, tendo inclusive acionado a Organização dos Estados
Americanos (OEA), que pediu informações ao governo estadual sobre problemas
como os identificados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Sistema
Carcerário, da Câmara dos Deputados, em 2008. Entre as violações estão a
superlotação dos presídios e a falta de assistência aos presos.
Procurado para
comentar o assunto, o governo estadual se limitou a informar que “tem dado
prioridade às questões que envolvem a solução para os problemas do sistema
penitenciário maranhense”.
De Brasília – Alex Rodrigues, Agência Brasil - 14/01/2014 - 13h29
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