Prisões brasileiras registram uma morte a cada dois
dias
Conhecidas
como "escolas do crime", as prisões do Brasil foram cenário de ao
menos 218 homicídios em 2013. Isso representa média de uma morte a cada dois
dias. No Maranhão, Estado que enfrenta grave crise de segurança, a chance de
ser morto num presídio é quase 60 vezes maior do que do lado de fora.
Só
o complexo de Pedrinhas, em São Luís, respondeu por 28% do total nacional e por
todas as mortes em prisões do Estado, aponta levantamento da Folha.
Os
números incluem apenas as mortes violentas no sistema prisional dos Estados.
Não consideram casos registrados em carceragens de delegacias, para os quais
não há dados consolidados.
Ou
seja, a violência atrás das grades pode ser ainda maior, já que historicamente
o número de presos mantidos sob custódia policial equivale a 10% do total de detentos
em cadeias e presídios.
Além
disso, há casos de mortes em cadeias que permanecem em investigação e, por ora,
não foram computados como homicídios.
Em
Mato Grosso do Sul, por exemplo, nenhum crime foi registrado em 2013, mas 14
óbitos estão "por se esclarecer".
'GATORADE'
DA MORTE
"A
subnotificação é a regra", diz o assessor jurídico da Pastoral Carcerária,
José de Jesus Filho.
Segundo
ele, em muitos Estados há ainda a chamada "morte gatorade", em que os
presos são obrigados a tomar um coquetel com drogas que leva à overdose.
Com
cerca de 550 mil pessoas no sistema prisional, o Brasil tem, em números
absolutos, a quarta maior população carcerária do mundo. Fica atrás apenas de
EUA (2,2 milhões), China (1,6 milhão) e Rússia (680 mil).
Brigas
de toda a natureza são apontadas como motivos mais comuns das mortes. "Há
rivalidades entre facções e também acertos de contas isolados, de quando já há
problemas fora do presídio", afirma o diretor do Departamento
Penitenciário do Paraná, Cezinando Paredes.
Nem
mesmo a separação dos presos por alas, isolando gangues rivais, é capaz de
eliminar esse tipo de ocorrência, dizem as gestões. Os presos, segundo Paredes,
convivem 24 horas. Rixas podem surgir qualquer momento, num ambiente tenso.
"Quando
alguém planeja uma morte, ainda mais num ambiente em que se conhece a rotina da
vítima, é difícil evitar", diz o superintendente de segurança
penitenciária de Goiás, João Carvalho Coutinho Júnior.
Goiás,
que registrou 17 homicídios em 2013, faz inspeções três vezes por semana nos
principais presídios do Estado atrás de armas. Encontra cerca de 50 por vez. Alagoas,
Bahia e Rondônia não forneceram informações.
Publicado n Folha (SP), em 09/01/2014, às 03h00 - (Foto: Marlene Bergamo/Folhapress

Nenhum comentário:
Postar um comentário