Degradação e desertificação local
Grande
parte da área do sertão da meso-região de Sobral sofre acelerado processo de
desertificação, tanto pela incidência de longos e repetidos períodos de
estiagem, como pela intervenção predadora do homem ao meio-ambiente. São
agressões continuadas que se repetem anos a fio, sem qualquer preocupação
saneadora de órgãos oficiais, exceção feita a alguma ou outra ONG, com ações na
região que promovem estudos, lançam alerta, sem que, contudo, algo de concreto
seja feito por quem de direito, no sentido de
estancar esse processo de degeneração do meio ambiente. Agora mesmo, as
queimadas estão a arder em todas as direções, tanto no sertão como nas serras.
Agressões mais gritantes sofreram (e vem se repetindo
acintosamente) as serras e os rios da região. Aquelas (as serras) vêm perdendo
seus últimos remanescentes de Mata Atlântica e perdendo aquela vegetação mista
de palmeirais (do tipo cocais maranhenses). Estes (os rios) têm suas nascentes
devastadas e suas margens desmatadas, o que promove assoreamentos de seus
leitos, transformando-os em vastos caminhos de areia, desde suas nascentes às
fozes.
Nas cidades que os margeiam, viram verdadeiros aterros sanitários ou
latrinas de despejo de dejetos humanos.
Em todos os sentidos as cidades ribeirinha costumam dar as costas para os seus rios e mananciais d'água em menosprezo ao que de essencial à vida eles podem lhes proporcionar ou em descaso do que contrariamente, pela poluição, os malefícios deles podem advir em desfavor das populações.
O rio Acaraú, em Sobral, não foge a esse descaso, no que concerne a um maior zelo pelo seu encantador “Espelho D’água”.
Esgotos e dejetos ainda lhes são lançados ao leito, sem parcimônia e em deszelo pelo último "Cartão Postal" natural da cidade. E providências saneadoras dessas ações degradantes não têm sido, ultimamente, tomadas.
Também aqui, na “Princesa do Norte”,
promoveram ou permitiram que a especulação imobiliária exterminasse todas as
nossas lagoas (que amenizavam em muito as temperaturas do nosso clima).
A única
que ainda subsiste, a Lagoa da Fazenda (que já foi assim como na foto acima), hoje está morta, depositária que é dos esgotos provenientes de um hospital da
cidade. Ainda bem que a Natureza a
cobriu de aguapés.
Assim, a população adjacente não aspirará a aragem poluída e
fétida que provém de suas águas. Aliás, do lixeiro a que foi reduzida, porque
nem lama existe mais.
As serras, antes verdejantes, estão desmatadas e
queimadas, predestinadas a perderem o clima ameno existente em seus cimos.
Brocadas e calcinadas nas encostas e também ao longo de suas montanhas pela
ação continuada de práticas rudimentares da agricultura de subsistência, tendem
a perder sua textura vegetal e, também seus mananciais hídricos, em prejuízos
desastrosos para a flora e fauna e, conseqüentemente, para o homem, já
presentemente. A serras quase não têm mais água!
Tudo isso está a contribuir com a
modificação dos nossos micro-climas em seus aspectos gerais e com a elevação da
temperatura ambiente em nossa região, se não bastasse o aquecimento global, já
enormemente preocupante, assunto que oportunamente iremos abordar.
No âmbito local, há indagações
importantes a serem feitas e questões relevantes a serem discutidas pela
sociedade, no que tange à consciência ambiental e ao fenômeno climático em si.
O que fazer preventivamente? Como conviver com o tamanho incômodo desse
fenômeno físico? Há alguma solução para o problema? São indagações que a
população provavelmente gostaria de fazer aos estudiosos do assunto. De bom
alvitre seria que, localmente, alguém tomasse a iniciativa de promover essa
discussão.
(*) - Terminamos aqui a série "Altas temperaturas", abordadas em várias reportagens do blog. Em 10.11.14
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