segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Climatologia (*) - Continuação da série: Altas temperaturas

Degradação e desertificação local
Grande parte da área do sertão da meso-região de Sobral sofre acelerado processo de desertificação, tanto pela incidência de longos e repetidos períodos de estiagem, como pela intervenção predadora do homem ao meio-ambiente. São agressões continuadas que se repetem anos a fio, sem qualquer preocupação saneadora de órgãos oficiais, exceção feita a alguma ou outra ONG, com ações na região que promovem estudos, lançam alerta, sem que, contudo, algo de concreto seja feito por quem de direito, no sentido de  estancar esse processo de degeneração do meio ambiente. Agora mesmo, as queimadas estão a arder em todas as direções, tanto no sertão como nas serras.
Agressões mais gritantes sofreram (e vem se repetindo acintosamente) as serras e os rios da região. Aquelas (as serras) vêm perdendo seus últimos remanescentes de Mata Atlântica e perdendo aquela vegetação mista de palmeirais (do tipo cocais maranhenses). Estes (os rios) têm suas nascentes devastadas e suas margens desmatadas, o que promove assoreamentos de seus leitos, transformando-os em vastos caminhos de areia, desde suas nascentes às fozes. 

Nas cidades que os margeiam, viram verdadeiros aterros sanitários ou latrinas de despejo de dejetos humanos. 
Em todos os sentidos as cidades ribeirinha costumam dar as costas para os seus rios e mananciais d'água em menosprezo ao que de essencial à vida eles podem lhes proporcionar ou em descaso do que contrariamente, pela poluição, os malefícios deles podem advir em desfavor das populações.

O rio Acaraú, em Sobral, não foge a esse descaso, no que concerne a um maior zelo pelo seu encantador “Espelho D’água”.
Esgotos e dejetos ainda lhes são lançados ao leito, sem parcimônia e em deszelo pelo último "Cartão Postal" natural da cidade. E providências saneadoras dessas ações degradantes não têm sido, ultimamente, tomadas.

Também aqui, na “Princesa do Norte”, promoveram ou permitiram que a especulação imobiliária exterminasse todas as nossas lagoas (que amenizavam em muito as temperaturas do nosso clima). 
A única que ainda subsiste, a Lagoa da Fazenda (que já foi assim como na foto acima), hoje está morta, depositária que é dos esgotos provenientes de um hospital da cidade.  Ainda bem que a Natureza a cobriu de aguapés. 
Assim, a população adjacente não aspirará a aragem poluída e fétida que provém de suas águas. Aliás, do lixeiro a que foi reduzida, porque nem lama existe mais.

As serras, antes verdejantes, estão desmatadas e queimadas, predestinadas a perderem o clima ameno existente em seus cimos. Brocadas e calcinadas nas encostas e também ao longo de suas montanhas pela ação continuada de práticas rudimentares da agricultura de subsistência, tendem a perder sua textura vegetal e, também seus mananciais hídricos, em prejuízos desastrosos para a flora e fauna e, conseqüentemente, para o homem, já presentemente. A serras  quase não têm mais água! 
Tudo isso está a contribuir com a modificação dos nossos micro-climas em seus aspectos gerais e com a elevação da temperatura ambiente em nossa região, se não bastasse o aquecimento global, já enormemente preocupante, assunto que oportunamente iremos abordar.

No âmbito local, há indagações importantes a serem feitas e questões relevantes a serem discutidas pela sociedade, no que tange à consciência ambiental e ao fenômeno climático em si. O que fazer preventivamente? Como conviver com o tamanho incômodo desse fenômeno físico? Há alguma solução para o problema? São indagações que a população provavelmente gostaria de fazer aos estudiosos do assunto. De bom alvitre seria que, localmente, alguém tomasse a iniciativa de promover essa discussão. 
(*) - Terminamos aqui a série "Altas temperaturas", abordadas em várias reportagens do blog. Em 10.11.14

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