NOVO TURNO
Por Inocêncio Nóbrega (*)
Conscientizemo-nos de que a vitória
da presidente Dilma, de Evo Morales e, provavelmente, de Tabaré Vasquez, não esteja
consolidada. Ela tem limite de validade, pelos regulamentos eleitorais. Novo turno corre paralelo e tem passagens
efetivas continuadas, sempre trazendo efeitos catastróficos para a América
Latina, acaso as forças populares dos países não alinhados ao neoliberalismo
entenderem que somente o voto seja o bastante para garantia no poder. Serão
inequívocas as pressões das elites internas, em combinação com a máfia
financista, empresariado e mídia apátridas, patrocinadores de correntes
inconformadas com resultados das urnas. Promovem atos de insubordinação
democrática, do tipo que ocorreram em algumas capitais brasileiras, ensaiando
um prenúncio de golpe. Sinalizam rupturas territoriais, disseminam formas
preconceituosas contra regiões do norte e nordeste do Brasil, culpam o
bolivarianismo, enfim. E nem sabem que a ideologia de Simón Bolívar, O Libertador, pela democracia e
república se contrapunha a do monarca Pedro I, pelo absolutismo, e dos governos
subseqüentes, pelo liberalismo e conservadorismo, alavancado por Diogo Feijó.
São vozes
que jamais emergirão de solo gaucho, berço do federalismo, conduzido por Borges
de Medeiros, filho de um pernambucano; de Vargas, Brizola e Jango, dos Marques
da Silva, da Paraíba; nem muito menos de Minas Gerais, de JK, e Goiás, de Mauro
Borges e do general Xavier Curado. E nem dizermos da contribuição do Rio de
Janeiro e de outros estados. Os
jornalistas Alberto Patroni e padre Batista Campos, do Pará, bolivarianistas de
primeira linha, se opunham, em 1822, à fórmula petrista, de separação com união
a Portugal, tese que não prevalecia nas colônias espanholas. Adepto,
certamente, Manuel de Souza Martins comandou vitoriosa Revolução em Oeiras,
Piauí, pela causa emancipacionista.
Vejamos, com orgulho, um país que se irmana
com o progresso do Continente e de outros povos. Não mais aquele sequer inteiro
senhor de seus destinos. Claro que a nova geopolítica de solidariedade incomoda
os hábitos de hegemonia no Continente. O
Mercosul é alvo de críticas. Programam o
retorno às privatarias, o saque das riquezas nacionais, nesta via de terceiro
turno de eleições presidenciais. Deveremos estar apostos, pois a próxima etapa
nos acena parceria de todos quantos depositaram seu voto de confiança nos
governos progressistas, recém eleitos, pela manutenção da democracia. Esta, a
melhor de todas as oportunidades oferecidas pela história para uma América
Latina livre.
(*) Inocência Nóbrega é jornalista (inocnf@gmail.com)
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