Relatório final da CPI
diz que Petrobras foi vítima de cartel de empreiteiras
O relator da CPI da Petrobras, deputado Luiz Sergio,
apresenta o texto
final que deve ser votado na próxima quinta-feira (22)
(Foto: Valter
Campanato/Agência Brasil)
O relator da Comissão Parlamentar
de Inquérito (CPI) da Petrobras, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), diz em seu relatório
final que a empresa foi vítima de um cartel de empreiteiras que
contou com “a cumplicidade de alguns maus funcionários”.
O texto foi apresentado hoje (19)
e deve ser votado na próxima quinta-feira (22). De acordo com Sérgio, houve
“motivações de natureza pessoal” para os crimes. Ele diz que isso foi
comprovado nos vários depoimentos prestados à comissão e também no acordo de
leniência firmado pela empresa Setal com o Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade).
“Delatores confirmaram nessa CPI e deram
muitos mais detalhes ao Cade sobre a existência de um 'clube' de empreiteiras
que se reunia para combinar a participação em concorrências da Petrobras”, diz
o relator.
De acordo com Sérgio, o relatório
traz 30 recomendações à Petrobras, à Procuradoria-Geral da República, ao
Ministério da Justiça, à Câmara dos Deputados e ao Ministério das Minas e
Energia, para a doção de procedimentos que combatam a corrupção, e propõe 14
sugestões de mudanças em legislações diversas para coibir a prática.
O texto também isenta das
denúncias os ex-presidentes da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, Graça Foster,
“ou de ex-conselheiros da estatal, como a presidente Dilma Rousseff". O
texto exclui ainda o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o relator,
não há menção nos depoimentos dos delatores sobre a participação de qualquer um
deles no esquema investigado na Operação Lava Jato.
Luiz Sérgio questiona também as
conclusões da Polícia Federal e do Ministério Público sobre o pagamento de
propinas por meio de doações oficiais de campanha a partidos políticos.
“Não dá para acreditar que exista
dinheiro carimbado no caixa das empreiteiras, daí ser exagerada a afirmação dos
investigadores. Vejam o caso da Mendes Júnior, que tinha participação em
consórcios contratados pela Petrobras, ao mesmo tempo em que atuava nas obras
do centro administrativo do governo de Minas Gerais. Quando essa empresa fez
doações para campanhas, o dinheiro veio da Petrobras ou do governo mineiro?”
diz.
Ao esclarecer porque deixou de
fora as recomendações de indiciamento de políticos envolvidos na Operação Lava
Jato, Luiz Sérgio diz que essas denúncias podem ser levadas a outros
instâncias, como o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. “Qualquer partido
com representação no Congresso pode oferecer denúncia ao Conselho de Ética da
Câmara”, disse.
Um pedido de vista coletivo adiou
a votação do relatório. Os deputados tentam construir um entendimento em torno
das sugestões de indiciamento propostas pelos quatro subrelatores, Bruno Covas
(PSDB-SP), Andre Moura (PSC-SE), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) e Altineu
Côrtes (PR-RJ), que querem incluir entre os indiciados, os nomes dos
ex-presidentes da Petrobras, entre outros. O deputado Valmir Prascidelli
(PT-SP) está na sistematização do texto.
De Brasília, Luciano
Nascimento - Repórter da Agência Brasil, 19/10/2015 23h45
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