Temer foge do G-20 e volta para tentar
não cair

Michel Temer protagonizou, neste sábado, mais um
papelão internacional. Depois de ir ao G-20 apenas para não transmitir a imagem
de que o Brasil não tem comando, ele antecipou sua volta, antes do encerramento
oficial.
Temer embarcou às 7h25 de Brasília, antes mesmo da
emissão do comunicado oficial, porque se deu conta de que está sendo enterrado
vivo pelos próprios aliados, que já tratam do governo de Rodrigo Maia
(DEM-RJ). "Temer perdeu, com isso, a última sessão com os demais
líderes, incluindo o americano Donald Trump e o francês Emmanuel Macron. Ele
também não acompanhou a emissão do comunicado conjunto, que é o tradicional
documento do fim da cúpula", informa o jornalista Diogo Bercito.
No único momento verdadeiro, Temer cometeu um ato
falho e disse estar trazendo de volta o desemprego ao Brasil.
Quando chegar a Brasília, ele intensificará os
esforços para comprar votos de deputados e evitar sua queda.
Abaixo, reportagem da Reuters sobre o
movimento pró-Maia:
O presidente Michel Temer afirmou nesta sexta-feira
ter “preocupação zero” com a base aliada, disse ter total confiança no
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e atribuiu as críticas de tucanos
que dominaram o dia a uma "força de expressão".
Temer está na Alemanha, onde participa da reunião
do G20, e foi questionado sobre as declarações do presidente interino do PSDB,
senador Tasso Jeireissati (CE), e do senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).
Em uma conversa com investidores, Cunha Lima teria
dito que "dentro de 15 dias o país terá um novo presidente", de
acordo com o jornal Folha de S.Paulo. Já Jereissati disse a jornalistas que o
país "caminha para a ingovernabilidade" e elogiou Maia como um nome
capaz de unir os partidos em torno de uma transição.
"Vamos esperar 15 dias não é? Acho que foi
força de expressão, às vezes as pessoas se entusiasmam um pouco", disse,
sobre o prazo dado por Cunha Lima.
O presidente acrescentou que os quatro ministros do
PSDB --Aloysio Nunes (Relações Exteriores), que está em Hamburgo; Bruno Araújo
(Cidades), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Luislinda Valois
(Direitos Humanos)-- o procuraram para dizer que a fala dos senadores "não
condiz com a posição da maioria do PSDB.
"O PSDB tem quatro ministros, todos exercendo
suas funções", lembrou Temer.
O ministro das Relações Exteriores usou sua conta
no Twitter para criticar seu próprio partido.
"Do ponto de vista dos interesses do Brasil,
não poderia haver ocasião mais inoportuna para os recentes ataques de
dirigentes do PSDB ao presidente da República quando ele representa nosso país
na cúpula do G20", escreveu Aloysio. "Nem Lula nem Dilma tiveram esse
tratamento de nossa parte quando éramos oposição."
Temer foi questionado, ainda, sobre sua preocupação
com sua base no Congresso, que disse ser "zero" e sobre a lealdade de
Rodrigo Maia.
"Acredito plenamente (na lealdade de Maia).
Ele só me dá provas de lealdade o tempo todo", respondeu Temer.
O governo luta para conseguir pelo menos 34 votos
necessários para um resultado favorável a Temer na Comissão de Constituição e
Justiça da Câmara, mas o cenário é pior do que Palácio do Planalto tenta
vender.
Uma alta fonte do governo disse à Reuters essa
semana que teriam exatos 34 votos, mas outras fontes governistas apontam para
um cenário pior, de no máximo 30 votos.
A indicação de Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) para
relator da denúncia contra o presidente foi um mau sinal para o Planalto.
Apesar de peemedebista, Zveiter é visto como "imprevisível",
"independente" e muito ligado a Maia.
De Brasília, Lisandra
Paraguassu, Agência Reuters, 08/07/2017. Publicado em 247, desta data.
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