Dia
Internacional do Homem chama atenção para cuidados com a saúde masculina
Cerca de 23%
dos homens entre 20 e 59 anos têm hipertensão
(Foto: Marcelo Camargo/Agência
Brasil)
O homem vive em média sete anos a menos que a
mulher. A cada três mortes de adulto, duas são de homens. Segundo dados do
Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, na faixa de
20 a 59 anos, os homens morrem mais por causas externas, como acidentes de
trânsito, acidentes de trabalho e lesões por violência. O segundo motivo de
morte entre homens nesta faixa etária são as doenças do aparelho circulatório,
seguida das neoplasias. Comemorado neste sábado (15), o Dia Internacional do
Homem traz para o debate os cuidados com a saúde masculina no país.
Atualmente no Brasil 18% dos homens brasileiros são
obesos e 57% apresentam sobrepeso. Com relação ao tabagismo, 12,7% fumam e
sobre doenças crônicas, 7,8% dos homens têm diabetes e 23,6% têm hipertensão.
Vinte e sete por cento dos homens consomem bebida alcóolica abusivamente e
12,9% dirigem após beber. Os dados fazem parte do Sistema de Vigilância de
Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico
(Vigitel), realizado anualmente pelo governo federal.
Mitos
Para o o subcoordenador do serviço de urologia do
Hospital de Clínicas da Universidade de Federal de Minas Gerais (HC-UFMG),
Augusto Barbosa Reis, o principal mito em relação à saúde masculina é de que o
homem adoece menos que a mulher.
“Segundo esse mito, ele acredita que se procurar um
médico, vai achar uma doença. Na prática, ele vai evitar uma doença por conta
das orientações e vai se tratar para que o problema não se agrave”, diz Reis.
“Há falta de procura médica por medo associada à falta de informação, por
acreditar que não adoece e quando, de fato, adoece, não encontra horário
adequado ao período de trabalho”. Para o médico, o fato de a mulher buscar mais
auxílio médico ajudou a construir o mito.
Outro mito ressaltado pelo médico são as causas de
infertilidade da população. Segundo Reis, o homem é responsável por metade dos
casos em que há dificuldade na concepção e em, geral, atribui o problema
diretamente à parceira. “Ele coloca a responsabilidade sobre a dificuldade em
conceber uma gestação na parceira e adia a sua investigação. Com isso, o tempo
vai passando e a idade pode ser um fator negativo para se alcançar uma
gravidez”, explica.
Câncer de próstata
Desconsiderando os tumores de pele não melanoma, o
câncer de próstata é o mais incidente entre os homens em todas as regiões do
país, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca). A previsão é
de que 68 mil novos casos surjam em 2017. Assim em outros tipos de câncer, o
diagnóstico precoce pode aumentar as chances de cura do paciente.
O urologista e conselheiro do Conselho Federal de
Medicina (CFM) Lúcio Flávio Gonzaga destaca que ainda não há protocolos
internacionais que definam o auto-cuidado para o câncer de próstata como há
para a doença na mama. “O que temos são dados atestando que a procura
espontânea do homem pela prevenção e esse rastreamento espontâneo impactam
diretamente no índice de cura e diminui o índice de mortalidade”.
A recomendação médica é que o homem, a partir dos
50 anos, comece a fazer exames de prevenção, verificando as taxas do Antígeno
Prostático Específico (PSA), uma substância produzida pelas células da glândula
da próstata, além do toque retal. O médico ressalta que pacientes com histórico
de câncer de próstata na família, devem procurar um especialista a partir dos
45 anos.
“É constrangedor, mas depois que o paciente faz ele
se sente mais seguro. O exame retal não identifica apenas o câncer de próstata,
mas o de reto, que é prevalente na mesma idade e é muito mais mortal”, aponta.
“É importante desmistificar esse assunto”.
Sexualidade
A disfunção erétil, de acordo com o urologista
mineiro está associada ao diabetes mellitus, à hipertensão arterial e obesidade
e pode ser o primeiro sinal de que o homem está apresentando alguma doença
cardiovascular.
“A impotência sexual atinge, em alguma medida,
quase todos os homens depois dos 40 anos. Atualmente ela é considerada um
importante marcador de doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio e
acidente vascular cerebral”, afirma.
Outro aspecto ressaltado por Gonzaga é a exposição
a doenças sexualmente transmissíveis. Patologias como a sífilis congênita e a
gonorreia comuns no início do século passado têm preocupado as autoridades com
o crescente aumento de casos no país. Segundo o Conselho Federal de Medicina
(CFM), os casos de sífilis entre jovens (15-29 anos) cresceu 5.860% entre 2010
e 2015 (477 casos para 28.432).
Dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre
HIV/AIDS (Unaids) também apontaram no ano passado que, entre adultos
brasileiros, os novos casos subiram 18,91% em 15 anos – eram 37 mil em 2000. O
estudo indicou que, em 2015, 830 mil pessoas viviam com a doença no país,
provocando 15 mil mortes por ano.
“O que nos chama atenção é que o jovem tem
informação sobre as doenças sexualmente transmissíveis, o que falta é atitude
com relação ao uso do preservativo. Uma das fórmulas de estimular essa atitude
é a consulta médica, onde ele vai ser exposto aos benefícios em aderir ao uso
do preservativo”, avalia. Além dos jovens, o número de doenças sexualmente
transmissíveis têm crescido no país entre homens idosos.
Prevenção precoce
Apesar dos mitos e resistências em cuidar da saúde,
uma geração de brasileiros tem se empenhado na busca por longevidade e uma vida
saudável. Para o coordenador de Tecnologia da Informação Anderson Silva, de 41
anos, o incentivo da esposa para o tratamento de doenças ainda é um fator
importante na busca por assistência médica, mas não a única forma de cuidar da
saúde.
“Comigo, acontece ambas as situações. Algumas
vezes, procuro por conta própria e outras por indução da minha esposa. Na
maioria das vezes, postergo a ida ao médico, deixando para ir somente quando os
sintomas ficam bem mais graves. No meu ponto de vista, isso só piora a
recuperação”, afirma.
Silva destaca que a prevenção de doenças está no
seu cuidado em ter uma dieta balanceada, acompanhada por nutricionista, além de
atividades físicas. “Pratico exercícios físicos três vezes na semana. Sempre
que possível, durmo, no mínimo, seis a sete horas por noite. Além disso, faço
exames de check-up periódicos”, conta.
O preparador físico de 34 anos, Marcus Vinicius
Santos, tem histórico familiar de câncer de próstata e problemas
cardiovasculares e afirma procurar assistência médica sempre que percebe sinais
de que algo está errado em seu organismo. Para identificação precoce de
doenças, começou a fazer check-up há cinco anos.
“Faço acompanhamento médico anualmente, com a realização
de exames de sangue para monitorar aspectos como o índice de colesterol, que
podem influenciar muito em problemas cardiovasculares. Para reforçar ainda mais
essa questão, faço controle do estresse, que é um severo desencadeador de
doenças da nossa atualidade, com atividade física diária, inclusive aos finais
de semana. Não existe milagre, a gente tem que se dedicar”, avalia.
De Brasília, Heloisa Cristaldo –
Repórter da Agência Brasil, 15/07/2017 14h21
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