Engenheiros da Petrobras: acordo de Parente
nos EUA é repulsivo

Numa
nota duríssima, a Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet) considerou repulsiva
a decisão tomada por Pedro Parente de transferir R$ 10 bilhões do caixa da
empresa a investidores dos Estados Unidos, antes de qualquer decisão judicial
que condenasse a estatal brasileira. "O pagamento desses bilhões precisa
ser questionado, mas as veias abertas da nossa renda petroleira não vão parar
de sangrar enquanto a maioria dos brasileiros de bem não tomem consciência, se
unam e se organizem para a construção de um país digno para que nossos filhos e
netos vivam em paz", diz o texto.
Ao
mesmo tempo em que transfere R$ 10 bilhões para investidores de fundos abutres
dos Estados Unidos, Parente aumentou em 30%, nos últimos seis meses, a gasolina
cobrada dos brasileiros.
Leia,
abaixo, a nota da Aepet:
Nota
sobre acordo de pagamento de US$ 2,95 bilhões aos acionistas dos EUA
AEPET*,
janeiro de 2018
Nossa
Associação recebeu com tristeza e indignação a informação de que a atual
direção da Petrobrás acordou pagamento de quase dez bilhões de reais aos
acionistas norte-americanos, para encerrar ação movida na corte de Nova Iorque.
Segundo
nota à imprensa, a Petrobrás informa:
“A
Petrobras assinou um acordo para encerrar a class action em curso na corte
federal de Nova York, nos Estados Unidos.
....
Este acordo elimina o risco de um julgamento desfavorável.... Além disso, põe
fim a incertezas, ônus e custos associados à continuidade dessa ação coletiva.
No
acordo proposto para o encerramento da ação, a Petrobras pagará US$ 2,95
bilhões...
O
acordo não constitui reconhecimento de culpa ou de prática de atos irregulares
pela Petrobras. No acordo, a companhia expressamente nega responsabilidade.
Isso reflete a sua condição de vítima dos atos revelados pela Operação
Lava-Jato, conforme reconhecido por autoridades brasileiras, inclusive o
Supremo Tribunal Federal...
O
acordo atende aos melhores interesses da companhia e de seus acionistas tendo
em vista o risco de um julgamento influenciado por um júri popular, as
peculiaridades da legislação processual e de mercado de capitais
norte-americana, bem como, o estágio processual e as características desse tipo
de ação nos Estados Unidos, onde apenas 0,3% das class action chegam a fase de
julgamento…” (Petrobras,
Petrobras assina acordo para encerrar class action nos EUA (nota à imprensa),
2018)
Causa-nos
repulsa constatar que apesar da Petrobrás ser a vítima da corrupção, condição
reconhecida pela companhia e pelas instituições competentes brasileiras, o
Mistério Público e a Justiça, a atual direção decida indenizar, bilionária e
antecipadamente, os acionistas norte-americanos.
Nossa
Associação denunciou os prejuízos potenciais da perda da soberania brasileira
ao alienar parcela relevante das ações da Petrobras na bolsa de valores dos
EUA.
Agora
vemos um dos mesmos responsáveis pela venda das ações e submissão as normas,
legislação, cultura e interesses estrangeiros afirmar que “O acordo atende aos
melhores interesses da companhia e de seus acionistas tendo em vista o risco de
um julgamento influenciado por um júri popular, as peculiaridades da legislação
processual e de mercado de capitais norte-americana, bem como, o estágio
processual e as características desse tipo de ação nos Estados Unidos...”.
Então
a companhia é vítima, se reconhece como tal, assim como o fazem todos os
poderes constituídos do Brasil, mas decide antecipar indenização
multibilionária aos acionistas norte-americanos por causa do risco de se
submeter a júri popular, peculiaridades e legislação ianque? O que é isso senão
o pagamento histórico pela perda de soberania que é resultado, entre outros
fatores, da venda das ações em Nova Iorque?
É
ultrajante perceber que o Senhor Pedro Parente, atual presidente da Petrobrás,
participou desses dois momentos históricos que revelam a submissão do nosso
país aos interesses dos Estados Unidos da América.
O
pagamento desses dez bilhões de reais é mais uma etapa da transferência da
renda petroleira brasileira que é fruto de um ato continuado de corrupção e de
crime de lesa pátria.
Neste
ato continuado existem vários responsáveis e sobre cada um precisa recair o
peso relativo que lhe cabe.
Sequência
cronológica do crime continuado:
Primeiro, os responsáveis no
governo FHC pela venda das ações em Nova Iorque, com a perda significativa de
soberania sobre o maior patrimônio dos brasileiros, a Petrobrás e o petróleo
brasileiro.
Segundo, os responsáveis nos
governos Lula e Dilma por não terem recomprado as ações em Nova Iorque,
recuperando a soberania plena sobre a Petrobrás.
Terceiro, os corruptores e os
corruptos que lesaram a Petrobrás nos desvios revelados pela Operação Lava
Jato. Os empresários que se organizaram em cartel para obtenção de contratos
superfaturados, os políticos traficantes de interesses e os executivos de
aluguel na estatal.
Quarto, os procuradores, juízes
e agentes públicos que a pretexto do combate à corrupção se aliaram aos
investigadores norte-americanos, ora recebendo, ora entregando informações
sensíveis à proteção dos interesses nacionais, das nossas empresas, dos nossos
empregos e das nossas riquezas.
Trata-se de um ato continuado
de transferência da renda petroleira e de crime de lesa pátria com muitos
participes e diferentes níveis de consciência e responsabilidade do que perpetram
contra nosso país.
O pagamento desses bilhões
precisa ser questionado, mas as veias abertas da nossa renda petroleira não vão
parar de sangrar enquanto a maioria dos brasileiros de bem não tomem
consciência, se unam e se organizem para a construção de um país digno para que
nossos filhos e netos vivam em paz.
* Associação dos Engenheiros da
Petrobrás (AEPET). Do
Rio de Janeiro, Rio 247, em 05/01/2017, às 05h41
Nenhum comentário:
Postar um comentário