'Não posso
engavetar', diz Marco Aurélio sobre liminar de prisão em 2ª instância
Relator das
duas ações que contestam a prisão após condenação em segunda instância no
Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Marco Aurélio Mello afirmou neste domingo,
8, que é um "dever" levar ao plenário na próxima quarta-feira, 11, o
pedido de liminar do autor de uma das ações - o PEN/Patriota - que poderia, se
deferido, beneficiar diversos réus que estão cumprindo pena nessa condição,
incluindo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava
Jato. A defesa de Lula conta com essa nova análise sobre o tema para retirar da
cadeia o ex-presidente da República.
Marco
Aurélio não apresentará uma questão de ordem, que demandaria uma votação preliminar
sobre se os pedidos mereceriam ser julgados ou não. Mas, sim, decidiu levar o
pedido de liminar em mesa no plenário, sem inclusão prévia em pauta. Caberia à
presidente Cármen Lúcia definir o momento da votação, na ordem que entender
apropriada.
Cármen
Lúcia já pautou para a sessão da quarta-feira dois habeas corpus, que, por
envolverem a liberdade, têm prioridade para análise. São os casos do deputado
federal afastado Paulo Maluf e do ex-ministro Antonio Palocci. Caso não dê
tempo, ficaria para o dia seguinte.
"Eu
tenho que cumprir o meu dever. De duas uma, ou eu enfrento individualmente, o
que eu não posso fazer porque processo é objetivo e o requerimento é em cima de
um ato do plenário, ou então eu levo (ao plenário). Não posso engavetar. Só
deixarei de levar se quem está pleiteando a liminar recuar", disse ele
ao Estado na noite deste domingo.
Na petição
enviada ao Supremo um dia após a análise do habeas corpus de Lula, o
PEN/Patriota argumenta que, nesse julgamento, ficou comprovada uma maioria de votos
contrários à execução da pena após condenação em segunda instância. A alegação
é de que a ministra Rosa Weber, autora do voto decisivo para negar o pedido de
Lula, indicou que irá se posicionar de forma diversa quando da análise das
ações genéricas, que não tratam de um caso específico.
Para Marco
Aurélio, não há dúvida de que Rosa Weber, na sessão da quarta-feira, 4 , se
mostrou a favor da procedência das ações declaratórias de constitucionalidade
que contestam a prisão em segunda instância, conforme havia votado no
julgamento em 2016, quando a jurisprudência atual foi definida. "Deixou no
ar, não. Ela (ministra Rosa Weber) afirmou que, julgando o processo objetivo
(as ações genéricas), ela se pronunciará como se pronunciou antes", disse.
O pedido do
PEN/Patriota é para que o plenário permita a réus aguardarem em liberdade até o
esgotamento de todos os recursos ou, ao menos, que se espere a decisão final do
Superior Tribunal de Justiça.
Ao defender
a análise do tema no plenário, Marco Aurélio afirma que esse pedido também
trata da liberdade das pessoas e, por isso, deve ser apreciado. "Muito
embora esse (pedido) também verse sobre prisão de forma indeterminada e não há
individualização, todos aqueles que estejam presos antes de decisão de segundo
grau, se deferida a liminar, nessa hipótese, serão beneficiados".
Sobre
críticas ao Supremo, Marco Aurélio reconhece que a sociedade está indignada e
quer correção de rumos, mas sustenta que é preciso observar a ordem jurídica.
"Se
fala que eu levar uma petição - e eu tenho obrigação de levar o requerimento a
quem de direito - será golpe, né? Quer dizer, fica muito difícil você retrucar
essas colocações apaixonadas", disse.
Com Agência Estado de Notícia, em 08/04/2018, às 23h20, atualizada
em 09/04/2018
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