STF retoma nesta
quarta-feira julgamento do habeas corpus de Lula
O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma hoje (4) o
julgamento do habeas corpus no qual a defesa do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva tenta impedir eventual prisão após o fim dos recursos na
segunda instância da Justiça Federal.
O caso começou a ser julgado no dia 22 de março,
mas a sessão foi interrompida na Corte. Com isso, o ex-presidente ganhou um
salvo-conduto para não ser preso até a decisão desta tarde. Lula foi condenado
pelo juiz federal Sérgio Moro a nove anos e seis meses de prisão e pelo
Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), que aumentou a pena para 12 anos
e um mês na ação penal do trplex do Guarujá (SP), na Operação Lava Jato.
No julgamento de hoje, os 11 ministros que compõem
a Corte devem entrar no mérito do pedido de Lula, o que não foi abordado no dia
22 de março. Ao entrar no mérito, a questão de fundo a ser discutida pelo
plenário do Supremo será a possibilidade de execução provisória de pena por
condenado em segunda instância, mesmo que ainda existam recursos contra a
condenação pendentes de análise em tribunais superiores, como o Superior
Tribunal de Justiça (STJ) ou o próprio STF.
Diante de um impasse sobre o entendimento da Corte
que autorizou a execução provisória de condenados em segunda instância, em
2016, o voto decisivo no julgamento desta quarta-feira deve ser proferido pela
ministra Rosa Weber.
Há dois anos, quando o Supremo analisou a questão
da prisão após segunda instância, a ministra votou contra a execução provisória
de condenados. No entanto, até o momento, ela não proferiu decisões individuais
evitando a prisão de condenados e vem seguindo a decisão da maioria do
plenário.
Com voto da ministra contra o habeas corpus, o
placar pode ficar em 6 a 5 a favor da execução provisória da pena de
Lula. Se ela votar a favor da concessão do habeas corpus, o placar
da votação pode passar para 6 votos a 5 contra a execução provisória da
condenação.
Com base em votos proferidos em julgamentos sobre o
mesmo tema nas duas turmas da Corte, a expectativa é de que os ministros Gilmar
Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio e Celso de Mello devam
votar contra a prisão em segunda instância. Edson Fachin, Luís Roberto Barroso,
Luiz Fux e Alexandre de Moraes a favor.
Após receber o salvo-conduto do STF, Lula teve seu
último recurso na segunda instância, um embargo de declaração, negado pelo
TRF4. Com isso, o julgamento do habeas corpus no STF tornou-se a
última chance para que o ex-presidente consiga garantir o direito de continuar
recorrendo em liberdade às instâncias superiores contra sua condenação por
corrupção e lavagem de dinheiro.
Na semana passada, a defesa do ex-presidente disse
que pretende protocolar mais um embargo de declaração no TRF4, contra a
rejeição do primeiro embargo de declaração – tipo de recurso que prevê
esclarecimentos de uma decisão, mas não muda a sentença judicial. O TRF4 tem
negado rapidamente esse tipo de recurso sucessivo, por considerá-lo protelatório.
A possibilidade de expedição de mandado de prisão
por Moro dependeria, então, do encerramento do trâmite do processo no TRF4 e de
negativa do STF ao pedido de habeas corpus preventivo no julgamento
desta quarta-feira.
Manifestações
Manifestantes contra e a favor a prisão do
ex-presidente irão acompanhar o
julgamento em frente ao STF.
Os manifestantes favoráveis e contrários serão
separados por meio de um corredor de policiais e uma grade de 1,20 metro de
altura. Os contrários à concessão do habeas corpus deverão ficar à
direita da Esplanada, concentrando-se no Museu Nacional. Já os favoráveis à
decisão ficarão à esquerda, concentrando-se a partir do Teatro Nacional.
Por questão de segurança, a Secretaria de Segurança
Pública do DF não informou o efetivo de policiais. Pelo mesmo motivo, o Supremo
Tribunal Federal também não informou os procedimentos de segurança.
De acordo com o governo do Distrito Federal, o
trânsito da cidade será alterado "para garantir a segurança dos
manifestantes". Itens como balões e bonecos infláveis serão barrados na
área da Esplanada.
Prisão após condenação em segunda instância
Por causa do julgamento, magistrados e membros do
Ministério Público que compõem o Fórum Nacional de Juízes Criminais (Fonajuc)
entregaram na segunda-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma nota
técnica contra uma possível mudança na
decisão da Corte que autorizou a prisão de condenados após a segunda instância
da Justiça, em 2016. O documento obteve 5 mil assinaturas de integrantes do
fórum.
No documento, o Fonajuc afirma que a execução
provisória da pena não afronta o princípio constitucional da presunção de
inocência.
Já um grupo de advogados criminalistas também
entregou à Corte, no mesmo dia, um abaixo-assinado contra a prisão de
condenados após o fim dos recursos na segunda instância da Justiça. O documento
conta com 3,6 mil assinaturas.
Os advogados defendem que a Corte mude o
entendimento firmado em 2016, quando a maioria dos ministros decidiu que é
constitucional a execução provisória da pena antes do trânsito em julgado, ou seja,
o fim de todos os recursos possíveis na própria Corte.
De Brasília, André Richter -
Repórter da Agência Brasil, 04/04/2018 05h47
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