49 crianças brasileiras presas em
gaiolas nos EUA, mas Aloysio Nunes só fala da Venezuela
Crianças brasileiras num
número estimado em 49 continuavam aprisionadas nos EUA, separadas dos pais,
algumas em gaiolas, na manhã desta quinta-feira. O governo brasileiro reage
burocraticamente à situação que é uma verdadeira agressão do governo Trump ao Brasil
e outros países da América Latina -o ministro das Relações Exteriores, Aloysio
Nunes Ferreira, permanece em silêncio e dedica-se a seu tema favorito, atacar o
governo eleito da Venezuela. Apenas na noite de ontem Itamaraty soltou uma nota
formal sobre o assunto.
Ontem, o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA) apresentou à Secretaria Geral da
Câmara dos Deputados requerimento solicitando informações a Aloysio Nunes sobre
quais providências estariam sendo tomadas pelo governo em relação às crianças
brasileiras, mas sem qualquer resposta até agora. As únicas informações do
governo brasileiro até o momento são iniciativa do cônsul adjunto do
Brasil, em Houston, Felipe Santarosa. Ele informou à Agência Brasil que o
trabalho dos diplomatas brasileiros neste momento é o de pesquisar onde estão
essas instituições e fazer contato com os abrigos -um trabalho difícil por
falta de informações precisas, informou. O cônsul Santarosa disse que a
preocupação inicial é colocar as famílias em contato. O trabalho será localizar
as crianças, visitá-las e verificar as condições em que estão. Depois, o
intuito é estabelecer contato com as famílias.
Apenas na noite de ontem, depois que o assunto virou um escândalo de
proporções mundiais, o Itamaraty soltou uma nota burocrática sobre a grave
crise de direitos humanos. Na abertura da nota, um protesto frágil e a
manifestação de "preocupação" em relação à crise, sem qualquer defesa
das famílias e das crianças: "O governo brasileiro acompanha com muita
preocupação o aumento de casos de menores brasileiros separados de seus pais ou
responsáveis que se encontram sob custódia em abrigos nos Estados Unidos, o que
configura uma prática cruel e em clara dissonância com instrumentos
internacionais de proteção aos direitos da criança."
O Itamaraty disse ainda na nota que espera a “efetiva revogação da prática
de separação” de crianças e pais -a revogação da política de separação das
famílias foi anunciada por Trump ontem, depois de uma onda de repúdio mundial,
que não contou com o concurso do governo Temer.
Além de não protestar e sair em defesa das famílias e especialmente das
crianças brasileiras, o Ministério de Aloysio Nunes recomendou aos membros dos
consulados a "realização de campanhas de esclarecimento, em coordenação
com os conselhos de cidadãos brasileiros nos Estados Unidos, sobre os riscos da
travessia pela fronteira, em especial com menores de idade".
A nota ainda afirma incrivelmente que "o governo brasileiro
mantém consultas regulares sobre temas consulares com o governo norte-americano",
como se a questão das crianças brasileiras fosse um "tema consular"
De Brasília, Brasil 247, em 21/06/2018, às 13h57
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