Congresso
aprova diretrizes orçamentárias para 2019
Dispositivo que proibia reajuste salarial de servidores
foi retirado
O Congresso Nacional aprovou nesta madrugada (12) a Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) para 2019. A matéria segue para sanção presidencial. A
conclusão da votação permite que deputados e senadores estejam liberados
para o recesso parlamentar, que vai de 18 julho até 1º de agosto. Após a
mobilização de várias categorias de servidores públicos, foi retirado do texto
o dispositivo que proibia a concessão de reajustes ao funcionalismo e a criação
de cargos no serviço público federal em 2019. Até mesmo as medidas que teriam
efeito a partir de 2020 estavam suspensas.
A mudança no texto não prevê esses reajustes, mas garante a
possibilidade que eles possam ser concedidos nos próximos anos. Para que fosse
retirado da LDO, vários partidos governistas mudaram o entendimento e votaram a
favor da exclusão do trecho.
Segundo o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), suspender o reajuste e impedir
as contratações de servidores é uma discussão inadequada para o fim de uma
gestão e deve ser decidido pela equipe econômica do próximo presidente da
República. “É um debate que a sociedade brasileira ainda não fez, que é
exatamente o debate que nós faremos no período eleitoral”, argumentou o
parlamentar, ao propor a retirada do dispositivo.
Por outro lado, o senador Dalirio Beber, relator da proposta na Comissão
Mista de Orçamento (CMO) argumentou que o dispositivo pretendia impedir que o
governante eleito tivesse de arcar com compromissos firmados na gestão
anterior. “Não conhecemos quem será o próximo presidente da República, mas
conhecemos o grau de dificuldades que ele terá de enfrentar, e esse ponto visa
a minimizar o tamanho dos problemas que o governo terá”, defendeu.
Também foi rejeitado o trecho que previa corte de 5% no custeio
administrativo para 2019, composto por despesas do dia a dia do governo, como
água, luz, telefone, aluguéis e diárias. O percentual de 5% já era uma redução
definida após negociações nesta terça-feira antes da aprovação do parecer do
relator na CMO. Inicialmente, o texto do parlamentar previa o corte de 10%
nessas despesas. Para o parlamentar, o dispositivo era “pedagógico” e
“iniciaria um processo de conscientização do setor público”.
Benefícios fiscais
O texto da LDO prevê a redução de 10% dos benefícios fiscais – como
renúncias de impostos – no próximo ano. Atualmente, esses benefícios
correspondem a 4% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas
no país), somando cerca de R$ 300 bilhões.
Segundo Beber, a introdução do dispositivo que obrigará os benefícios
fiscais a serem revistos periodicamente e reduzidos em 10% em 2019 e em 50% nos
próximos dez anos, teve o objetivo de racionalizar os gastos do governo num
cenário de escassez de recursos.
“Esses mais de R$ 300 bilhões de renúncias fiscais passarão a ser
revistos periodicamente. Em primeiro lugar, para saber se eles estão dando o
retorno que acenaram quando foram instituídos”, acrescentou o senador.
Déficit primário
A LDO orienta a elaboração do Orçamento do ano seguinte com parâmetros
econômicos e lista de ações prioritárias para o governo. O texto aprovado
manteve a meta de déficit primário (resultado negativo nas contas do governo
sem o pagamento dos juros da dívida pública) em R$ 132 bilhões (1,75% do PIB)
para União, estados, municípios e estatais. Desse total, a União terá meta de
déficit de R$ 139 bilhões; as estatais federais (desconsiderando os grupos
Petrobras e Eletrobras), déficit de R$ 3,5 bilhões.
Para este ano, a LDO estima déficit primário de R$ 161,3 bilhões para
União, estados, municípios e estatais, dos quais R$ 159 bilhões negativos
correspondem somente ao governo federal.
Regra de ouro
Em relação a regra de ouro, que estabelece que o governo não pode emitir
dívida pública para financiar gastos correntes (como custeio, Previdência e
salários do funcionalismo), o relator manteve o dispositivo da LDO que autoriza
o governo a enviar ao Congresso um projeto de crédito extraordinário para
autorizar a emissão de títulos em caso de descumprimento da regra.
A Constituição dá prerrogativa ao governo de pedir o crédito extra, que
precisa ser aprovado por maioria absoluta. No entanto, o relator incluiu a
obrigação de o governo indicar os gastos a serem financiados pelas novas
dívidas, que serão discriminados em uma rubrica específica e acompanhados pelo
Tribunal de Contas da União.
De Brasília, Heloisa Cristaldo/Welton Máximo, Agência
Brasil, em 12/07/2018, a 00h40





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