Bolsonarismo treme: miliciano pode fazer
acordo de delação premiada

O major
da PM Ronald Paulo Alves Pereira, de 43 anos, miliciano apontado como segundo
na hierarquia do Escritório do Crime, pode fazer um acordo de colaboração
premiada e entregar toda a organização criminosa da qual faz parte. O
chefe da organização, Adriano Magalhães da Nóbrega, ex-capitão do Batalhão de
Operações Especiais (Bope), foragido, é suspeito de ser o assassino
de Marielle Franco e de Anderson Gomes, em 14 de março do ano passado. O
ex-capitão é ligado intimamente ao clã Bolsonaro -sua mãe e esposa trabalharam
por anos no gabinete de Flávio Bolsonaro e integravam o esquema do clã operado
pelo ex-PM Fabrício Queiroz.
Segundo
o jornal O Globo, Ronald está pressionado por ser réu em um júri popular marcado
para abril no qual responderá pelo assassinato de quatro jovens na saída da
antiga casa noturna Via Show.
A reportagem dos jornalistas Chico Otavio e
Vera Araújo faz um relato impressionante da prisão do major e da abordagem que
foi feita:
"Às 6h [desta terça] quando entrou na casa do oficial, a
promotora Letícia Emili Alqueres Petriz, do Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado (Gaeco), lhe fez logo a pergunta: 'O que você tem a
dizer sobre o assassinato de Marielle?'. Quem assistiu à cena conta que
Ronald - apontado como o segundo na hierarquia da quadrilha - 'parecia
uma pedra'".
De acordo com os promotores,
pode receber o benefício da delação premiada se ajudar a polícia esclarecer
alguns crimes. Entre eles, o assassinato de Marielle e do motorista Anderson
Gomes.
A reportagem acrescenta que
"a milícia de Rio das Pedras, que também atua em outras comunidades
da Zona Oeste, como a Muzema, é acusada de explorar um mercado imobiliário
clandestino, de cobrar taxa de segurança — chamada por seus integrantes de
"eu te protejo de mim mesmo" — e de praticar homicídios, sequestros e
torturas.
O Escritório do Crime é um grupo de matadores profissionais suspeito
de envolvimento em várias execuções, no estilo do Esquadrão da Morte surgiu nos
fim dos anos 1960 no antigo Estado da Guanabara (atual Rio de Janeiro) e espalhou-se
por diversas cidades do país.
A reportagem de O Globo ainda afirma: "Uma das organizações criminosas
mais temidas do Rio, o Escritório do Crime pode estar por trás do caso
Marielle. O crime, com sinais de que foi cuidadosamente planejado e executado
de forma profissional, teria sido encomendado ao grupo de matadores de aluguel,
integrado por policiais da ativa e da reserva. Eles prestariam serviços para o
crime organizado, inclusive para a contravenção. A ligação desses policiais com
o meio político, que, desde os anos 1990, é alcançado pelos braços da milícia, também
está no escopo das investigações do Ministério Público estadual e da Polícia
Civil".
De Brasília (DF), Brasil
247, em 23/01/2019, às 09h00
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