Acuada, Globo
pede desculpas por matéria sobre nora de Bolsonaro
Após intenso ataque
da família Bolsonaro e dos bolsonaristas nas redes sociais, a Rede Globo
resolveu se desculpar por uma matéria publicada na revista Época. A matéria foi
feita por um jornalista disfarçado de cliente ou paciente de Heloísa Bolsonaro,
esposa de Eduardo e nora do presidente Bolsonaro.
Heloísa é psicóloga e presta serviço
“coaching” on-line. O jornalista usou as sessões como base para o texto
publicado na revista.
Foi
o que bastou para reavivar a ira do “Clã” Bolsonaro contra a Rede Globo como um
todo. A hashtag #familiaMarinholixo foi
a mais comentada de sexta-feira (13), com pesados ataques dos próprios membros
da família do presidente.
Para tentar conter a sangria, o
Conselho Editorial do Grupo Globo divulgou a seguinte nota:
“Como toda atividade humana, o jornalismo não é
imune a erros. Os controles existem, são eficientes na maior parte das vezes,
mas há casos em que uma sucessão de eventos na cadeia que vai da pauta à
publicação de uma reportagem produz um equívoco.
Foi
o que aconteceu com a reportagem “O coaching on-line de Heloisa Bolsonaro: as
lições que podem ajudar Eduardo a ser embaixador”, publicada na última
sexta-feira. ÉPOCA se norteia pelos Princípios Editoriais do Grupo Globo, de
conhecimento dos leitores e de suas fontes desde 2011. Mas, ao decidir publicar
a reportagem, a revista errou, sem dolo, na interpretação de uma série deles.
É
certo que em sua seção II, item 2, letra “h”, está dito: “A privacidade das
pessoas será respeitada, especialmente em seu lar e em seu lugar de trabalho. A
menos que esteja agindo contra a lei, ninguém será obrigado a participar de
reportagens”. A letra “i” da mesma seção abre a seguinte exceção: “Pessoas
públicas – celebridades, artistas, políticos, autoridades religiosas,
servidores públicos em cargos de direção, atletas e líderes empresariais, entre
outros – por definição abdicam em larga medida de seu direito à privacidade.
Além disso, aspectos de suas vidas privadas podem ser relevantes para o
julgamento de suas vidas públicas e para a definição de suas personalidades e
estilos de vida e, por isso, merecem atenção. Cada caso é um caso, e a decisão
a respeito, como sempre, deve ser tomada após reflexão, de preferência que
envolva o maior número possível de pessoas”.
O
erro da revista foi tomar Heloisa Bolsonaro como pessoa pública ao participar
de seu coaching on-line. Heloisa leva, porém, uma vida discreta, não participa
de atividades públicas e desempenha sua profissão de acordo com a lei. Não
pode, portanto, ser considerada uma figura pública. Foi um erro de
interpretação que só com a repercussão negativa da reportagem se tornou
evidente para a revista.
Em
sua seção 1, item 1, letra “r”, os Princípios Editoriais do Grupo Globo
determinam: “Quando uma decisão editorial provocar questionamentos relevantes,
abrangentes e legítimos, os motivos que levaram a tal decisão devem ser
esclarecidos”. E o preâmbulo da mesma seção estabelece com clareza: “Não há
fórmula, e nem jamais haverá, que torne o jornalismo imune a erros. Quando eles
acontecem, é obrigação do veículo corrigi-los de maneira transparente”.
É
ao que visa esta Carta aos Leitores. Explicar o que levou à decisão editorial
equivocada, reconhecer publicamente o erro e pedir desculpas a Heloisa
Bolsonaro e aos leitores de ÉPOCA.”
Por Esmael
Morais – Blog do Esmael, publicado em 17.09.2019
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