Globo parte
para o tudo ou nada contra Bolsonaro e diz que vídeo é confissão de crimes
Em montagem fotográfica, Bolsonaro e irmãos Roberto Marinho (Foto: PR | Reprodução)
O jornal O Globo, dos irmãos Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto
Marinho, partiu com tudo para o Fora Bolsonaro, segundo demonstra editorial desta
quarta-feira. "O vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, em que,
segundo o ex-ministro Sergio Moro, o presidente Bolsonaro confirmou que faria
tudo para substituir Maurício Valeixo na diretoria-geral da Polícia Federal,
inclusive demitir o ministro da Justiça e Segurança Pública, superior
hierárquico de Valeixo, era a peça final de um quebra-cabeça já conhecido no
seu conteúdo. O relato público que Moro fez no dia 24, dos motivos de sua
saída, sem responder a perguntas da imprensa, já trazia o entendimento de que o
presidente queria ter na Polícia Federal, na cúpula e/ou na superintendência do
Rio de Janeiro, pessoas com as quais ele pudesse obter informações e relatórios
de inteligência, o que não é função da PF, uma polícia que trabalha em
inquéritos instaurados pela Justiça. Bolsonaro queria privatizar a PF",
aponta o texto.
"Segundo relatos, o presidente aparece, como afirmara Moro, dizendo
que substituiria o então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, a quem Moro resistia
a afastar, e que poderia demitir o próprio ministro. O bônus veio na declaração
de que ele queria defender sua família. Tudo ficou explícito, a se confirmar o
conteúdo do vídeo", prossegue ainda O Globo. "A explicação também não
é uma surpresa, mas tem grande impacto político e ético ao sair da boca de
Bolsonaro. Soa como confissão. A preocupação do presidente com os filhos é
conhecida. E motivos existem. Bolsonaro assumiu a Presidência quando Flávio,
eleito senador pelo Rio, passara a ser investigado no escândalo da
'rachadinha', ocorrido na Alerj, em que Flávio e outros deputados foram
apanhados num esquema de recolhimento de parte dos salários de assessores,
segundo denúncia do Ministério Público. No caso do hoje senador, uma operação a
cargo do desaparecido Fabrício Queiroz."
"Só o prosseguimento deste inquérito — se o procurador-geral,
Augusto Aras, não arquivá-lo intempestivamente — poderá esclarecer.
Independentemente da família presidencial, interessa averiguar esta tentativa
de interferência política e pessoal em um aparato de segurança do Estado, para
que as devidas punições impeçam que isso se repita e faça o Brasil retroceder
no processo civilizatório", finaliza o editorial.
Do Rio de
Janeiro (RJ), por Brasil 247, publicado em 13.05.2020, às 09h44
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