sexta-feira, 15 de maio de 2020

Política

O que falta para o impeachment de Bolsonaro?
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Presidente Bolsonaro pode ter processo de impeachment se houve apoio popular 
(Photo by Andressa Anholete/Getty Images)
Aprovação popular. Segundo políticos e analistas, o apoio da população a um eventual processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro  é o que daria condições políticas para que o processo avance no Congresso.
Na Mesa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), até o dia 13 de maio, existiam, em análise, 34 pedidos de impedimento contra Bolsonaro.
Analistas políticos avaliam que essa aprovação popular pode vir da crise causada pelo coronavírus. 
A avaliação negativa do governo chegou a 43,4% da população brasileira, segundo pesquisa CNT/MDA, divulgada na terça-feira (12). Em janeiro deste ano, a avaliação como ruim ou péssima da gestão era de 31%. Sobre o desempenho pessoal de Bolsonaro, a aprovação foi de 39,2% e a desaprovação, de 55,4%. Em relação à atuação do governo federal no combate à pandemia da Covid-19, 51,7% aprovaram e 42,3% desaprovaram. 
Mas o apoio ao impeachment do presidente é de 45%, contra 48% contrários à abertura do processo, de acordo com pesquisa DataFolha, realizada no final de abril.
Na época do impeachment da ex-presidente Dilma Roussef, 68% da população apoiavam o impedimento. Sobre o afastamento do ex-presidente Fernando Collor, 75% eram favoráveis na época.
Apoio no Congresso
A abertura de um processo de impeachment contra Jair Bolsonaro também tem outra dificuldade: a falta de votos dentro do Congresso.
Nos últimos dias, o governo intensificou as negociações com partidos do chamado “centrão”, visando formar uma base de apoio no Congresso. Um dos objetivos do movimento é justamente blindar o governo na eventualidade de processo de impeachment.
Para evitar o risco, o presidente precisa de pelo menos 172 dos 513 deputados. O centrão reúne cerca de 200 parlamentares. Em troca, o Executivo já começou a distribuição de cargos e promete a liberação de emendas parlamentares.
Nos bastidores, dizem que o presidente da Câmara não vai abrir processo de impeachment e correr o risco do desgaste, sem garantia de acordo entre os parlamentares.
Um grupo de advogados que entrou com pedido de impedimento contra Bolsonaro cobrou na Justiça que Rodrigo Maia dê andamento ao processo. O presidente da Câmara, em manifestação enviada ao STF, disse que não tem prazo para analisar a solicitação e que um processo de impeachment é uma “solução extrema” e deve ser analisado cuidadosamente em seus aspectos jurídicos, políticos e institucionais.
“O primeiro juiz das autoridades eleitas numa democracia deve ser sempre o voto popular”, escreveu.
O pedido desses advogados preocupa o Palácio do Planalto por estar bem fundamentado do ponto de vista técnico e por ter caído nas mãos do ministro Celso de Mello, decano do STF, visto por aliados de Bolsonaro como um inimigo do presidente. Celso de Mello também é o relator do processo que apura as acusações que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro fez a Bolsonaro de interferência na Polícia Federal.
Ana Paula Ramos, da Redação de Yahoo Notícias, em 15.05.2020

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