À frente do golpe,
Bicudo foi lobista da Alstom
Autor de um dos pedidos de
impeachment já rejeitados pela Câmara contra a presidente Dilma Rousseff, o
advogado Hélio Bicudo é agora acusado de ter intermediado contratos no setor
elétrico, atuando como lobista em favor da Alstom no escândalo conhecido como
'trensalão' de São Paulo. Furo é do jornalista Joaquim de Carvalho, em texto
no Diário do Centro do Mundo (DCM). 'A considerar o que a Justiça da Suíça
apurou sobre a corrupção do grupo multinacional Alstom no Brasil, Bicudo é um
moralista sem moral', diz a publicação.
"Bicudo era um intermediário
e como tal ele viabilizou em 1971 um importante contrato para a Cogelex no
Brasil", disse um ex-executivo da Alstom no Brasil, o francês Michel Yvan
Cabane, em depoimento prestado ao Ministério Público da Suíça, em 2009.
A Cogelex faz parte do grupo
Alstom e, na época em que Bicudo viabilizou o contrato para a empresa, a
multinacional ampliava sua atuação no Brasil, com obras, serviços e venda de
equipamentos para a Eletropaulo, na época uma empresa pública, e também para
Furnas.
Cabane contou que contratou
Bicudo porque ele "era naquela época consultor jurídico de uma parte do
governo". O ex-executivo lembrou ainda que o então procurador de justiça
tinha um sobrinho, Mário Bicudo Filho, que era diretor jurídico da CESP, a
empresa estatal que cuidava da geração de energia em São Paulo.
'O trabalho dos dois Bicudos em
favor da Alstom atravessou a década de 70, permaneceu na década de 80 e ainda
se manteve na década de 90. Eles eram tão conhecidos da multinacional francesa
que, em anotações apreendidas pela polícia suíça, os executivos se referem a
eles como "Tonton" (titio em francês) e Neveu (sobrinho, na mesma língua)',
relata Joaquim de Carvalho no DCM.
Depois de ouvir Bicudo, em São
Paulo, os promotores se reuniram para discutir a hipótese de processar o
ex-procurador de justiça, mas concluíram que a ação de Bicudo é anterior à lei
de improbidade administrativa, o que tornaria o processo nulo. Em âmbito
criminal, eles avaliam que se o caso fosse recente, ele poderia ser enquadrado,
no mínimo, pelo crime de advocacia administrativa. "Com certeza, seria
exonerado do Ministério Público", disse um dos promotores, conforme o
texto de Joaquim de Carvalho.
Reservadamente, eles até admitem
que, fosse Bicudo mais jovem, poderiam lhe dar alguma dor de cabeça. 'Mas quem
tem disposição para processar um homem de 93 anos de idade?', questiona o
jornalista.
Hélio Bicudo foi chamado para
depor no Ministério Público Estadual, e, embora seja apresentado como um homem
com pleno domínio de suas faculdades mentais, disse que não se lembra se já
teve conta bancária na Suíça.
Disse que é possível que tenha
tido, já que recebia seus "honorários" por depósitos bancários da
matriz. Honorário é como ele chama o dinheiro que recebeu da Alstom. Disse que
seu trabalho era o de advocacia – segundo ele, permitido pela lei da época, em
caso de licitação internacional.
Matéria publicada às 17 horas de hoje, 31/10/2015 no site WWW.brasil24/7. (Leia mais sobre o assunto em: Diário do Centro do Mundo)
(Neste feriadão, beba com moderação!)
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