Gilberto: 'Objetivo da
Operação Zelotes é prender Lula'
Em entrevista concedida à
jornalista Natuza Nery, o ex-ministro Gilberto Carvalho classificou a mais
recente fase da Operação Zelotes, que investigou Luis Claudio Lula da Silva,
filho do ex-presidente Lula, como "palhaçada" e disse que o real
objetivo é a prisão de Lula.
"O alvo é só um, é o PT, é o
presidente Lula. Eles querem desmoralizar o presidente Lula para depois
realizarem a prisão dele e o tirarem fora de 2018, é disso que se trata. A
tática está definida, está clara. É a tentativa de ir aos poucos minando o
partido, a credibilidade do presidente Lula, para depois levá-lo a um processo
de condenação e prisão", disse ele.
Também alvo da ação, Gilberto
criticou o desrespeito aos direitos individuais. "O que não pode, em
defesa da democracia, é o atropelamento dos direitos individuais, e é isso que
está em jogo. E tenho uma longa vida pública e já me habituei a enfrentar, mas
ver os seus filhos expostos desse modo é um golpe duro",
afirmou. "Critico o cidadão da Receita Federal que recomenda a quebra
de sigilo bancário e fiscal dos meus familiares sem que contra mim haja nenhum
indício real, efetivo, de que eu tenha sido beneficiário de qualquer propina ou
ação dessas pessoas que estão presas hoje. É uma leviandade e uma exposição
desnecessária. Não condeno a investigação, condeno a irresponsabilidade dessas
pessoas."
O ex-ministro também nega as
acusações de ter participado de "conluio" e diz ter orgulho de não
ter enriquecido nos doze anos que passou no Palácio do Planalto. "Nunca
participei de conluio nenhum. Nunca esse senhor [Mauro Mautone] apareceu para
mim para fazer qualquer proposta nem tratar de nenhuma oferta. Até porque, no
meu papel de chefe de gabinete, eu não acompanhava as audiências em sua imensa
maioria. Esse senhor nunca me ofereceu qualquer beneficio pecuniário. Aliás,
nos 12 anos de Planalto, nunca passei por esse constrangimento. Tenho orgulho
de não ter enriquecido neste período."
Gilberto afirmou, ainda, que a
Zelotes, ao deixar de lado os alvos iniciais, que são os grandes sonegadores,
se transforma em circo político. "Espero que o mesmo tratamento dado a mim
se dê àqueles que são os verdadeiros alvos da Operação Zelotes, grandes
empresas brasileiras, redes de comunicação no Brasil. Só espero que a Zelotes
não sirva apenas para construir esse circo político", afirma. > Continue lendo esta informação, após o merchandising abaixo: >
(Dr. Luís Henrique Correia Lima de Oliveira)
Lava Jato e doações de campanha
Segundo o ex-ministro, há também
uma blindagem em relação a outros partidos nas investigações judiciais em curso
no País. "Por que a Lava Jato, em toda delação premiada, não levantou
sequer uma questão do financiamento das campanhas de outros políticos? Onde
estão as informações do financiamento da campanha do senhor Aécio Neves, que
recebeu mais dinheiro dessas empresa da Lava Jato do que Dilma Rousseff? Por
que isso não vem a público?", questionou.
"Se o país não tiver
consciência disso, nós seremos conduzidos a um processo que vai enganar todo
mundo. Em nome do combate à corrupção, os grandes corruptores continuarão
soltos e impunes, mas grande parte vai continuar praticando o mesmo assalto aos
cofres públicos, como fizeram no Brasil no caso da privataria, da emenda da
reeleição", diz ele. "O que me espanta e me dói é ver gente como o
ministro do Supremo Gilmar Mendes e próceres do PSDB que denunciam a corrupção
mas defendem com unhas e dentes o principal instrumento indutor da corrupção
que é o financiamento empresarial de campanha. É uma hipocrisia. Se passar a
Lava Jato, com tudo o que ela está provocando, e o PT pagar o seu preço, e
todos esses mecanismos continuarem, a nação terá perdido muito", disse o ex-Ministro.
De WWW.brasil24/7, 31/10/2015
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