Até Veja admite que Dilma
foi vítima de conspiração
Por que Dilma Rousseff foi
afastada da presidência da República? Oficialmente, porque teria cometido o
"crime" das pedaladas fiscais.
Embora poucos levassem a sério
essa acusação, a sociedade brasileira foi manipulada durante meses para ser
convencida de que a edição de alguns decretos de crédito seriam motivo
suficiente para cassar 54 milhões de votos.
Vez por outra, alguém dizia a
verdade. "Há interesses de oportunistas que imaginam que derrubar a
presidente seja caminho para parar a Lava Jato. Visam se proteger exatamente
atacando a presidente, sobre a qual não pesa qualquer acusação", disse o
governador Maranhão, Flávio Dino, numa entrevista de 6 de abril. Em março, o
jornalista Ricardo Noblat também havia cobrado, num ataque de sincericídio, que
políticos corruptos afastassem rapidamente Dilma para, assim, se salvarem.
Ainda não havia, no entanto, a
prova material de que tudo não passava de uma conspiração para trocar o governo
e, assim, tentar conter os estragos da Lava Jato sobre a classe política. Ela
surgiu quando o senador Romero Jucá (PMDB-RR), gravado por Sérgio Machado,
ex-presidente da Transpetro, falou da necessidade de "parar essa
porra" e "estancar essa sangria", numa clara referência à Lava
Jato.
Foi tudo tão claro, tão
cristalino, que nem Veja conseguiu esconder essa realidade. Em sua edição deste
fim de semana, a revista dedica sua capa ao "complô" para conter a
Lava Jato e aponta que Dilma foi vítima de uma conspiração. "As
gravações de Romero Jucá – e de Renan Calheiros e José Sarney – não são más notícias para Temer apenas porque perdeu um ministro importante. São más notícias
porque sugerem que sua ascensão ao Palácio do Planalto decorreu de uma
conspiração para parar a Lava-Jato. Jucá falou disso com clareza", diz
reportagem da edição deste fim de semana da revista.
Para a publicação, Dilma tentou,
mas não conseguiu conter a operação – o que sugere que Temer talvez tivesse
força para fazê-lo. O presidente interino foi também cobrado a demitir Henrique
Eduardo Alves, ministro do Turismo citado nas investigações, e a se afastar de
Eduardo Cunha, como se isso fosse possível.
De Brasília, Brasil 247, de 27/05/2016
(Sensacionais promoções neste mês de maio, Mês da Mulher!)
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