Dilma anuncia reajuste
de 9% do Bolsa Família e correção de 5% do IR
Dilma Rousseff participa de ato, organizado pela CUT, no Vale
do Anhangabaú, para
comemorar o Dia do Trabalho (Foto: Rovena Rosa/Agência
Brasil)
A presidenta Dilma Rousseff
anunciou ontem dia 1º, em ato promovido pela Central Única dos Trabalhadores
(CUT), o reajuste de 9% para os beneficiários do Programa Bolsa Família - o
aumento entrará em vigor ainda em 2016. Dilma Rousseff anunciou também correção
de 5% da tabela do Imposto de Renda para o próximo ano; a contratação de, no
mínimo, 25 mil moradias do Programa Minha Casa, Minha Vida e a extensão da
licença-paternidade de cinco para 20 dias aos funcionários públicos federais.
“Quero lembrar que essa proposta
[de reajuste do programa Bolsa Família] não nasceu hoje. Elas estavam previstas
quando enviamos o Orçamento em agosto de 2015 para o Congresso. Essa proposta
foi aprovada pelo Congresso. Diante do quadro atual, tomamos medidas que
garantam a receita para este ano e viabilizar tudo isso sem comprometer o
cenário fiscal”, disse a presidenta Dilma, no evento em comemoração ao Dia
do Trabalho, no Vale do Anhangabaú, na capital paulista.
O ato foi promovido, em conjunto,
pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores e
Trabalhadoras do Brasil (CTB) e Intersindical. O lema este ano foi Brasil:
Democracia + Direito, contra o processo de impeachment da
presidenta. Segundo a CUT, o ato reuniu mais de 60 entidades que formam as
frentes Brasil Popular e Povo sem Medo. As centrais sindicais realizaram o ato
"em defesa da democracia, contra o golpe e contra a retirada de
direitos."
O ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, cuja presença foi esperada no ato, não compareceu, segundo a
assessoria do Instituto Lula, porque está com problemas na voz e permaneceu o
dia em sua casa, em São Bernardo. No último dia 25, em evento promovido pela
Aliança Progressista, uma rede internacional de partidos e organizações de
esquerda, Lula teve seu discurso lido pelo diretor do Instituto Lula, Luiz
Dulci, porque estava rouco.
Impeachment
No discurso, Dilma reiterou que
não cometeu crime de responsabilidade ao ter emitido decretos com crédito
suplementares, fato apontado na denúncia que originou o processo de
impeachment. Segundo Dilma, no governo de Fernando Henrique Cardoso foram
editados 101 decretos desse tipo. “Para ele [Fernando Henrique Cardoso], não
era nenhum golpe nas contas públicas. Para mim, é golpe nas contas públicas.
Dois pesos e duas medidas. Eles não têm sobre o que me acusar, é
constrangedor”, disse a presidenta.
“Não tenho conta no exterior,
jamais usei recurso público em causa própria, não recebi propina e nunca fui
acusada de corrupção. Eles tiveram que inventar um crime”, disse, em referência
ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que responde a
processo no Conselho de Ética da Câmara acusado de ter mentido sobre contas no
exterior e responde a processo por envolvimento no esquema de propina da
Petrobras.
A presidenta chamou o processo de
impeachment, que tramita no Senado, de golpe. “Não é um golpe com armas,
tanques na rua, não é golpe militar que conhecemos no passado. Eles rasgaram a
Constituição do país. Fazem isso porque há 15 meses eles perderam uma eleição
direta”, disse. “Vou resistir e lutar até o fim”, acrescentou Dilma.
Bolsa Família
O governo adiou no início da
tarde a entrevista coletiva de imprensa da ministra Tereza Campello para dar
detalhes sobre a correção dos valores do Bolsa Família. Segundo nota do Palácio
do Planalto, a entrevista será remarcada para data ainda não definida. Não foi
divulgado motivo oficial para o adiamento. No entanto, segundo fonte do Palácio
do Planalto, é estudada a edição de um decreto para só depois ocorrer o
detalhamento do reajuste.
Para este ano, o Bolsa Família
tem R$ 28,11 bilhões. O montante é superior aos R$ 26,41 bilhões gastos em
2015. Durante as discussões do Orçamento deste ano, a Comissão Mista de
Orçamento tentou cortar R$ 10 bilhões do Bolsa Família, alegando que o
atendimento aos atuais beneficiários não seria prejudicado, mas o governo
negociou para reverter a proposta.
De São Paulo, Fernanda
Cruz - Repórter da Agência Brasil, 02/05/2016 05h01
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