Golpe será enterrado
por ataques de sincericídio
O processo de impeachment contra
a presidente eleita Dilma Rousseff tem sofrido ultimamente forte ataques de
sincericídio, cometidos pelos seus principais articuladores, o que deixa claro
para até para o leitor menos crítico que o que se passa contra a presidente é
de fato um golpe.
O mais recente foi protagonizado
pela senadora Rose de Freitas (PMDB-ES). Em entrevista à Rádio Itatiaia, abriu
o coração e, com o conhecimento de quem integra a Comissão de Orçamento do
Senado, afirmou que "não teve esse negócio de pedaladas", sobre os
motivos que levaram ao afastamento de Dilma.
"Porque o governo saiu? Na
minha tese, não teve esse negócio de pedalada, nada disso. O que teve foi um
país paralisado, sem direção e sem base nenhuma para administrar", disse
Rose, que é líder do governo interino de Temer no Senado. O ex-ministro José
Eduardo Cardozo, que defende Dilma no processo de Impeachment no Senado,
afirmou que vai anexar a transcrição das falas da senadora na defesa da
presidente.
Pouco mais de um mês antes da
confissão de Rose de Freitas, seu colega de Senado e de partido, Romero Jucá,
presenciou a confissão que fez a Sérgio Machado ganhar o conhecimento mundial.
Jucá caiu do Ministério do Planejamento de Temer após ser flagrado em gravações
com Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro. Jucá diz claramente que é
preciso "mudança" no governo federal para "estancar a
sangria" representada pela Operação Lava Jato. "Se é político, como é
a política? Tem que resolver essa porra. Tem que mudar o governo para estancar
essa sangria", diz Jucá.
Além de Rose e Jucá, outro
senador que defendeu a saída de Dilma já havia deixado claro que está em curso
uma condenação sem a prática de um crime. Depois da primeira votação no Senado
que afastou a Dilma, o Senador Zezé Perrella (PDT-MG), aliado de Aécio Neves,
também admitiu que as razões do impeachment da Dilma não se sustentavam nas
"pedaladas fiscais".
"Claro que o motivo maior da
queda não foram as pedaladas, porque nós estamos num julgamento também
político", admitiu Perrella. "Ela caiu principalmente pela falta de
articulação do governo aqui dentro [Senado], coisa que o Michel Temer está mais
bem preparado do que ela", afirmou.
No Poder Judiciário também há
manifestações de que não há crime cometido pela presidente, e mesmo assim ela
deve sair. Confissão foi feita há cerca de uma semana pelo ministro Gilmar
Mendes, do Supremo Tribunal Federal, numa entrevista na Suécia a um jornalista
do site O Cafezinho. Ele admitiu que a lma não havia cometido crime de
responsabilidade e disse que "o processo é político, se ela tivesse cometido
crime, se ficasse flagrantemente provado, que ela tivesse cometido
crime, e ela tivesse 172 votos, ela também não seria processada".
O que ainda falta para o
golpe ser enterrado?
De Brasília, Brasil 247, de 26/06/2016
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